segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Revistonas temem a revolução do Egito?




O blogueiro Francisco Bicudo chamou a atenção para um fato curioso nas capas das revistonas desta semana. Nenhuma delas deu manchete para as explosões populares que abalam as ditaduras pró-EUA no mundo árabe. “Quem aguardava análises e relatos de fôlego sobre Tunísia, Egito e afins deu com os burros n'água”.

As capas da Veja, Época e IstoÉ

A Veja, que mais se parece como uma sucursal rastaqüera do império, deu na capa o “bom-mocismo” de Luciano Huck e Angélica. É certo que o ator global foi um dos principais cabos eleitorais do demotucano José Serra e que vem sofrendo inúmeras críticas na sociedade – por crimes ambientais e outros. Mas é evidente que este assunto, tipicamente plantado, não tem maior relevância do que a explosão social no Egito.

Já a revista Época, da Editora Globo – que mantém fortes ligações com os EUA desde o sinistro acordo com a Time-Life –, trouxe na capa outro tema momentoso: “O guia essencial dos imóveis”. E a IstoÉ destacou “O novo astro da fé”, sobre o ex-lavrador que comanda a igreja evangélica que mais cresce no país. Apenas a revista CartaCapital, única que faz um jornalismo mais crítico, trouxe na manchete "A convulsão árabe".

As suspeitas razões editoriais

O que explica a opção editorial destas três revistonas? Não dá para dizer que foi falta de tempo para um trabalho jornalístico mais acurado. Afinal, as explosões de revolta nesta região estratégica já ocorrem há duas semanas – tendo resultado na derrubada do presidente da Tunísia e em mega-protestos no Egito.

Não dá para afirmar, também, que o assunto tem pouca relevância. O fim destas ditaduras, fantoches dos EUA e de Israel, pode alterar radicalmente a geopolítica mundial. O possível declínio da hegemonia ianque fortaleceria movimentos de independência nacional e de integração regional. Numa região rica em petróleo e conflagrada, a conquista da democracia resultaria em governos menos submissos aos EUA.

Deseja das ditaduras "pró-ocidente"

O que explica, então, esta comida de bola editorial? No caso da revista Veja, ela não vacila em confessar sua opção. Em matéria nas páginas internas, alerta para o perigo da vitória dos “grupos radicais islâmicos”, num discurso típico do Departamento de Estado dos EUA. Teme o fortalecimento do “eixo do mal”. Na prática, a famiglia Civita prefere as ditaduras árabes “pró-ocidente”, do que as revoltas populares por democracia.

No que se refere às outras duas revistas, as razões não foram explicitadas. Há episódios, no entanto, que devem causar calafrios em toda a mídia hegemônica. Na Tunísia, um dos primeiros alvos dos manifestantes foi o prédio da maior emissora privada de televisão do país, que sempre fez o jogo sujo da ditadura local.

Em toda esta onda de protestos no mundo árabe, as redes sociais superaram a velha mídia na mobilização da sociedade. A “revolução do jasmim” na Tunísia já foi apelidada, erroneamente, de revolução da internet. No Egito, o ditador Mubarak ainda tenta se safar censurando a internet e os celulares. Estes e outros fatores talvez expliquem porque as revistonas preferiram minimizar a explosão popular na região.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Doutrinação de crianças

Posto aqui um vídeo que discute o papel dos pais e dos adultos na doutrinação religiosa imposta às crianças, e as consequencias disso. Particularmente concordo com o ponto de vista que dá ao ser humano o direito de, após ser apresentado às mais diversas opções religiosas existentes, escolher aquela que lhe convém (ou simplesmente não escolher nenhuma). Espero suscitar o debate em torno do tema, com a contribuição do vídeo aqui postado.

Medalha para Dilma




Está na coluna “Radar”, do jornalista Lauro Jardim, de “Veja”: Henrique Meirelles será a APO, a Autoridade Pública Olímpica.


Com uma indicação só a presidenta mata três coelhos:

o coelho Carlos Nuzman, que terá de negociar com um homem rico, independente e competente, avesso a não cumprimento de prazos e a superfaturamentos, além de não ser da curriola;

o coelho Orlando Silva Jr, que vira figura decorativa no processo olímpico e que, aliás, tem tentado, sem conseguir, uma audiência com Dilma Roussef, já que acabou sendo imposto pelo PCdoB no cargo;

e até Lula, que não poderá criticar a escolha de quem presidiu o Banco Central para ele durante oito anos.

Gol de Dilma, medalha de ouro.

Fonte: Blog do Juca Kfouri

Igreja pede explicações ao Estado



É brincadeira!!! Daqui a pouco os ocupantes de cargos públicos em geral terão de dar um atestado ideológico para análise e aprovação do vaticano. É mole?!?!?!





Por Ligia Martins de Almeida em 25/1/2011
Como se não bastassem as mortes na região serrana do Rio de Janeiro e as brigas entre seus principais aliados – PMDB e PT –, a presidente Dilma Rousseff agora vai ter que lidar com os questionamentos da igreja católica. Empossado como prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, o arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Avis, cobrou uma definição da presidente em entrevista publicada na Folha de S.Paulo (19/1/2011):
"Não temos uma ideia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir. O que sabemos é que Dilma mostrou flexibilidade com relação a temas importantes para a igreja. Mas também sabemos que políticos fazem isso: durante a campanha, é uma coisa e, na prática, o caminho às vezes é outro. Eu espero que as posições dela se aproximem das posições da igreja. Para isso, precisamos conhecer melhor o que pensa a Dilma presidente em relação a certos temas. Não só o aborto, que teve destaque na disputa eleitoral, mas também quanto ao PNDH-3 [Plano Nacional de Direitos Humanos], que traz posições contundentíssimas para a igreja. Há aspectos muito bonitos com relação à questão social, mas temos aborto, homossexualismo, um monte de coisa que precisamos ver como vai ficar."Enquanto o religioso espera para ver como as coisas vão ficar, os jornais poderiam esclarecer que questões como legalização do aborto, união de homossexuais e outros temas tão caros à igreja independem da exclusiva vontade da Presidência da República. Qualquer modificação na lei referente ao aborto ou à união legal de homossexuais, por exemplo, passa por aprovação do Congresso Nacional.
Deveriaa imprensa esclarecer também que as atitudes da presidente – ou de qualquer presidente deste país – dizem respeito apenas ao Estado, assim como as decisões da igreja (católica ou qualquer outra) dizem respeito apenas aos seus seguidores. Como disse o próprio cardeal em sua entrevista, "a separação entre igreja e Estado foi uma conquista e representa uma grande vantagem democrática em relação ao passado, quando havia a imposição da religião sobre o Estado".
O papel de cada umA entrevista de Dom João de Braz Aviz acabou repercutindo no jornal concorrente. Em artigo publicado domingo (23/1) no Estado de S. Paulo, Débora Diniz discute o tema sob o título "Quem tem medo da laicidade?":
"De minha parte, não preciso conhecer a fé religiosa de nossa presidente para acreditar na democracia. Ainda diferente de d. João, estou certa de que, se o ex-presidente Lula se apresentou como homem de Estado, a atual presidente poderá ir além: melhor será se somente conhecermos a mulher de Estado. Se a ela for conveniente expor suas crenças privadas em matéria religiosa, que esse seja um fato indiferente à vida democrática. Mas, honestamente, preferiria que Dilma fosse não apenas a primeira mulher presidente, mas principalmente, aquela que atualizasse o dispositivo da laicidade do Estado brasileiro... Não há incompatibilidade moral entre a mulher de fé e a mulher de Estado. Só elegemos a mulher de Estado."Enquanto a presidente da República procura organizar seu governo e enfrentar as catástrofes (naturais e políticas), melhor seria se o cardeal católico e todos os outros líderes religiosos do país se unissem em oração ou trabalhassem efetivamente para ajudar as vítimas das enchentes por esse Brasil afora. Cabe à imprensa esclarecer aos leitores que cada um tem seu papel na democracia, noticiando, comentando e, sempre que necessário, destacando que Estado e igreja são coisas diferentes.
Se cada um – Estado, igreja e imprensa – fizer a sua parte, a democracia só tem a ganhar.

Fonte: Observatório da Imprensa

Caso Cutrale: trabalhadores sem-terras são inocentados e processo é arquivado




por Juliana Sada
Em janeiro deste ano, a Justiça decidiu pela libertação dos trabalhadores sem-terra acusados de praticar crimes durante a ocupação de uma fazenda na qual está instalada a empresa Cutrale, produtora de suco de laranja. Além disso, o processo foi arquivado pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

De acordo com o desembargador Luis Pantaleão, em seu relatório, não havia indícios que ligassem os acusados aos crimes alegados. Além disso, o desembargador citou problemas no processo. A prisão preventiva foi decretada antes do recebimento da denúncia e ainda com a investigação em curso, para o desembargador não havia indícios de que os acusados trariam algum empecilho ao processo. O encarceramento foi baseado também na suposta “imoralidade” dos trabalhadores, acusação que não sustenta a prisão preventiva.
Já o processo foi trancado por inépcia da denúncia, ou seja, por não possuir os requisitos legais para instauração de um processo.
A ocupaçãoEm setembro de 2009, cerca de 250 famílias ocuparam uma fazenda pertencente à Cutrale, para denunciar a grilagem de terras pela empresa. De acordo com o MST, a área ocupada pertence à União e a Cutrale estaria se apropriando ilegalmente da terra. A ocupação durou doze dias, entre 28 de setembro e nove de outubro, e terminou por ordem judicial.
O episódio teve intensa repercussão na mídia, sobretudo por conta da derrubada de pés de laranja da fazenda pelos manifestantes, como forma de protesto.

PS: Não veremos essa notícias em letras garrafais nos grandes veículos de mídia. Que pena...

Fonte: Blog O Escrevinhador

sábado, 29 de janeiro de 2011

As manobras do imperialismo no Egito

Os últimos acontecimentos ocorridos no Egito me causaram um espanto muito positivo, ao ver a capacidade de o povo, quando instado e diante da não conformação com os rumos dados à nação pelos governantes, se revoltar e exigir mudanças. Não se pode ignorar este acontecimento histórico, mas também é necessário fazer as necessárias ressalvas e observações. Por isso, reproduzo artigo de Michel Chossudovsky, publicado no sítio Resistir: 


O regime Mubarak pode entrar em colapso face ao vasto movimento de protesto à escala nacional. Quais as perspectivas para o Egito e o mundo árabe?

"Ditadores" não ditam, eles obedecem ordens. Isto é verdade tanto na Tunísia como na Argélia e no Egito.

Ditadores são sempre fantoches políticos. Os ditadores não decidem.

O presidente Hosni Mubarak foi o fiel servidor dos interesses econômicos ocidentais e assim era Ben Ali.

O governo nacional é o objecto do movimento de protesto. O objetivo é remover o fantoche ao invés do mestre do fantoche. Os slogans no Egipto são "Abaixo Mubarak, abaixo o regime". Não há cartazes anti-americanos... A influência avassaladora e destrutiva dos EUA no Egito e por todo o Médio Oriente permanece oculta.

As potências estrangeiras que operam nos bastidores estão protegidas do movimento de protesto.

Nenhuma mudança política significativa se verificará a menos que a questão da interferência estrangeira seja tratada de forma explícita pelo movimento de protesto.

A Embaixada dos EUA no Cairo é uma importante entidade política, sempre ofuscando o governo nacional, não é alvo do movimento de protesto.

No Egito, em 1991 foi imposto um devastador programa do FMI na altura da Guerra do Golfo. Ele foi negociado em troca da anulação da multimilionária dívida militar do Egito para com os EUA bem como da sua participação na guerra. A resultante desregulamentação dos preços dos alimentos, a privatização geral e medidas de austeridade maciças levaram ao empobrecimento da população egípcia e à desestabilização da sua economia. O Egito era louvado como uma "aluno modelo" do FMI.

O papel do governo de Ben Ali na Tunísia foi impor os remédios econômicos mortais do FMI, os quais num período de mais de vinte anos serviram para desestabilizar a economia nacional e empobrecer a população tunisina. Ao longo dos últimos 23 anos, a política econômica e social na Tunísia foi ditada pelo Consenso de Washington.

Tanto Hosni Mubarak como Ben Ali permaneceram no poder porque os seus governos obedeceram e aplicaram efetivamente os diktats do FMI.

Desde Pinochet e Videla até Baby Doc, Ben Ali e Mubarak, os ditadores têm sido instalados por Washington. Historicamente, na América Latina, os ditadores eram nomeados através de uma série de golpes militares patrocinados pelos EUA.

Hoje eles são nomeados através de "eleições livres e justas" sob a supervisão da comunidade internacional.

Nossa mensagem ao movimento de protesto:

As decisões reais são tomadas em Washington DC, no Departamento de Estados dos EUA, no Pentágono, em Langley, sede da CIA, na H Street NW, as sedes do Bando Mundial e do FMI.

O relacionamento do "ditador" com interesses estrangeiros deve ser considerado. Derrubar fantoches políticos mas não esquecer de alvejar os "ditadores reais".

O movimento de protesto deveria centrar-se na poltrona real da autoridade política; deveria ter como alvo a Embaixada dos EUA, a delegação da União Europeia, as missões nacionais do FMI e do Banco Mundial.

Uma mudança política significativa só pode ser assegurada se a agenda de política econômica neoliberal for jogada fora.

Substituição de regime

Se o movimento de protesto deixar de tratar o papel das potências estrangeiras incluindo pressões exercidas por "investidores", credores externos e instituições financeiras internacionais, o objetivo da soberania nacional não será alcançado. Nesse caso, o que ocorrerá é um processo estreito de "substituição de regime", o qual assegura continuidade política.

"Ditadores" são postos e depostos. Quando eles estão politicamente desacreditados e já não servem os interesses dos seus patrocinadores estadounidenses, eles são substituídos por um novo líder, muitas vezes recrutado dentro das fileiras da oposição política.

Na Tunísia, a administração Obama já se posicionou. Ela pretende desempenhar um papel chave no "programa de democratização" (isto é, manutenção das chamadas eleições justas). Ela também pretende utilizar a crise política como um meio de enfraquecer o papel da França e consolidar a sua posição na África do Norte:

"Os Estados Unidos, que foram rápidos em avaliar a vaga de protesto nas ruas da Tunísia, estão a tentar pressionar em seu proveito a fim de promover reformas democráticas no país e outras mais além.

O alto enviado dos EUA para o Médio Oriente, Jeffrey Feltman, foi o primeiro responsável estrangeiro a chegar ao país depois de o presidente Zine El Abidine Ben Ali ser derrubado em 14 de Janeiro e suavemente apelou a reformas. Ele disse na terça-feira que só eleições livres e justas fortaleceram e dariam credibilidade à liderança sob ataque do estado norte africano.

"Espero certamente que estaremos utilizando o exemplo tunisino" em conversas com outros governos árabes, acrescentou o secretário de Estado Feltman.

Ele foi despachado para o país norte africano a fim de oferecer a ajuda dos EUA na turbulenta transição de poder e encontrar-se com ministros e figuras da sociedade civil tunisina.

Feltman viaja para Paris na quarta-feira a fim de discutir a crise com líderes da França, promovendo a impressão de que os EUA está a conduzir apoio internacional a uma nova Tunísia, em detrimento da antiga potência colonial, a França...

Países ocidentais apoiaram por longo tempo a derrubada liderança da Tunísia, encarando-a como um baluarte contra militantes islâmicos na região norte africana.

Em 2006, o então secretário da Defesa dos EUA Donald Rumsfeld, falando em Tunis, louvou a evolução do país.

A secretária de Estado Hillary Clinton, agilmente, interveio com um discurso em Doha a 13 de Janeiro advertindo líderes árabes para permitirem aos seus cidadãos maiores liberdades ou [sofrerem] o risco de extremistas explorarem a situação.

"Não há dúvida de que os Estados Unidos estão a tentar posicionar-se muito rapidamente do lado bom..." AFP: US helping shape outcome of Tunisian , enfase acrescentada.


Será que Washington terá êxito em nomear um novo regime fantoche?

Isto depende muito da capacidade do movimento de protesto de tratar o papel insidioso dos EUA nos assuntos internos do país.

Os poderes avassaladores do império não são mencionados. Numa ironia amarga, o presidente Obama exprimiu o seu apoio ao movimento de protesto.

Muitas pessoas dentro do movimento de protestos são levadas a acreditar que o presidente Obama está comprometido com a democracia e os direitos humanos e é apoiante da resolução da oposição de destronar o ditador, o qual fora antes instalado pelos EUA. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Jornalista crítico dos "miseráveis que resolveram comprar carros" é afastado da RBS/ Globo



Por Altamiro Borges

O jornalista Luiz Carlos Prates, que ficou famoso ao criticar os “miseráveis que agora compram carro” num telejornal RBS, não terá mais espaço para seus comentários preconceituosos. Em nota divulgada nesta quarta-feira (12), a empresa informou que ele agora vai se dedicar aos seus “projetos pessoais”. Prates deixará de aparecer nas telinhas no Jornal do Almoço e de escrever para o jornal Diário Catarinense, também de propriedade da poderosa RBS, afiliada da Rede Globo na região Sul do país.

Tanto o colunista como os patrões tentam transparecer que a saída foi amigável, que não teve qualquer motivação política. Prates estava na empresa 23 anos. Mas há quem desconfie desta versão. O jornalista Sérgio Rubim, criador do Cangablog, garante que “a demissão do polêmico comentarista Luiz Carlos Prates foi decisão da direção da RBS em Porto Alegre. Prates voltava de férias e, imagino, não encontrou seu cartão ponto na parede da empresa. Ao perguntar para o porteiro pelo seu cartão deve ter sido aconselhado a passar no departamento de pessoal. Bem ao estilo da empresa”.

Vitima do seu próprio ódio

Ainda segundo Rubim, que conhece Prates desde os anos 1980, o motivo da demissão foi o seu comentário no Jornal do Almoço sobre os “miseráveis que tem carro”. Ele lembra que Prates mudava de comportamento na televisão. “Ele se transformava em um radical da oratória desempenhando um papel para o público conservador. É um bom ator. Fala com veemência, aos gritos, condena, critica, gesticula com competência e... nada!”. Para ele, “Prates foi vítima da sua própria atuação. Radicalizou tanto na fala que acabou perdendo a mão... e o emprego”.

De fato, o colunista exagerava na dose para seduzir o público conservador e agradar seus patrões da RBS/Globo. Em dezembro de 2009, ele fez rasgados elogios à ditadura militar, que “ensinou o caminho da verdadeira e legítima democracia”. No final do ano passado, porém, ele acusou o governo Lula de “espúrio” pela ampliação do crédito e ao lamentar que hoje “qualquer miserável tem carro”. A reação da sociedade foi imediata. O vídeo com suas declarações elitistas bombou na internet. Agora, ele dançou!

Boris Casoy, Willian Waack, Arnaldo Jabor e tantos outros "calunistas" das telinhas, que também gostam de destilar veneno preconceituoso, que fiquem espertos. Depois de sugar ao máximo, patrões costumam jogar o bagaço fora! 

Globo culpa Lula pela tragédia no RJ

Reproduzo artigo de Augusto da Fonseca, publicado no blog Festival de Besteiras na Imprensa:

No dia 11 passado, escrevi um post – que repercutiu em toda a blogosfera -, com o título “Alaga São Paulo”: imprensa continua atuando de forma irresponsável!

Neste post demonstrei como as Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão e Veja, entre outros) se omitiam de cobrar dos governos tucanos e do DEM, no Estado de São Paulo, suas responsabilidades pelas tragédias que se seguem após cada chuva intensa, normal no verão.

Profeticamente, escrevi o seguinte parágrafo:

“Daqui a pouco, as Organizações Serra vão inventar um jeito de mostrar que tudo isso que ocorre anualmente em São Paulo é culpa do Lula e será culpa da Dilma.”

Não deu outra! O jornal O Globo – a rede Globo em geral – que passou estes últimos dois meses atribuindo às chuvas a culpa pelas seguintes enchentes, alagamentos, transbordamentos de rios em São Paulo, precisou de apens dois dias de tragédia no Rio para fazer o que?

Colocar a culpa de todas as tragédias no Governo Lula!!!

O Globo surtou de vez, ou será que os Marinho acham que um leitor medianamente esclarecido vai aceitar que as obras de contenção e de prevenção de encostas e a repressão à ocupação irregular das mesmas é culpa do governo federal?

Será que O Globo pensa que o seu leitor é burro o suficiente para não saber que o governo federal não tem atribuição para fazer nada disso, que são atribuições das Prefeituras e dos Governos Estaduais???

O Globo não sabe que o governo federal tem recursos financeiros para estados e municípios, mas que só pode liberá-los mediante existência de projetos, o que raramente ocorre?

Quem tem atribuição para fazer mapeamento de risco? A Prefeitura ou o Governo do Estado.

Quem tem atribuição para reprimir as ocupações ilegais ou de risco nas encostas (incluindo a ocupação dos riscos nos morros da Zona Sul do Rio)? A Prefeitura e o Governo do Estado.

Quem tem atribuição para construir obras de contenção de encostas? A Prefeitura ou o Governo do Estado.

Quem tem atribuição para construir obras de amortecimento das enxurradas? A Prefeitura ou o Governo do Estado.

O governo federal, somente se solicitado e mediante projeto adequado, pode liberar algum recurso financeiro, mas o grosso desses recursos têm que vir dos cofres das Prefeituras e dos Governos dos Estados.

*****

Tenham certeza de que a rede Globo vai bater bumbo o dia inteiro na responsabilidade do Lula por tudo o que está acontecendo no Rio. Tudo o que ela tinha que ter feito em São Paulo e não fez.

Essa conjugação de omissão em relação a São Paulo e de exacerbação da luta política contra os governos Lula e Dilma dá toda a razão ao Paulo Henrique Amorim que os classifica como imprensa golpista.

Esse é o único objetivo do Globo: derrubar a Dilma, já que não conseguiu derrubar o Lula.

Nesse intento, esperem atuações patéticas do Jabor, da Míriam, do Merval, do Bonner, do Waack, do Piotto e de outros militantes do movimento “Derruba a Dilma“.

Para concluir, é importante ressaltar a minha posição. Eu não critico apenas o Serra e o Kassab. Ao contrário, eu sempre digo que o papel da chuva é chover, o papel dos governantes é eliminar ou minimizar os efeitos das chuvas intensas e das prolongadas, mas tão importante quanto, o papel de uma imprensa sadia – e não golpista – é informar corretamente e cobrar dos governantes – especialmente dos prefeitos e governadores – ações preventivas, com investimentos volumosos, mas também com ações de emergência, quando a tragédia ocorre.

Manipulação na TV explicada passo a passo

Eis aqui uma série de vídeos que explicam como uma rede americana de TV (FOX) consegue manipular seus entrevistadores. Meu objetivo é que reflitamos sobre o quanto nos deixamos manipular pelos meios de comunicação, e que atitude devemos tomar a partir dessa reflexão.





BBB-11: A ética pelo ralo


Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no sítio Carta Maior:

No dia 11/1/2011 a TV Globo levou ao ar seu programa de maior audiência no verão brasileiro: Big Brother Brasil 11. Sucesso de público, sucesso de marketing, sucesso financeiro, sempre na casa dos milhões de reais. Fracasso ético, fracasso de cidadania, fracasso de respeito aos direitos humanos fundamentais.

O prêmio será de R$ 1,5 milhão para o vencedor. O segundo e terceiro lugares levam, respectivamente, R$ 150 mil e R$ 50 mil. As inscrições para a próxima edição do BBB já estão encerradas. Ao todo, nas dez edições, foram 140 participantes. E já foram entregues mais de R$ 8,5 milhões em prêmios. Balanço raquítico, tanto numérico quanto financeiro para seus participantes, para um programa que se especializou em degradar a condição humana.

Aos 11 anos de existência, roubando sempre 25% do ano (janeiro a março) e agora entrando na puberdade como se humano fosse, o BBB começa anunciando que passará por mudanças na edição 2011. Se você pensou que as mudanças seriam para melhorar o que não tem como ser melhorado se enganou redondamente. O formato será sempre o mesmo, consagrado pelo público e pelos anunciantes: invasão de privacidade com a venda de corpos quase sempre sarados, bronzeados e bem torneados e com a exposição de mentes vazias a abrigar ideias que trafegam entre a futilidade e a galeria de preconceitos contra negros, pobres, analfabetos funcionais.

Após dez anos seguidos, sabemos que a receita do reality show inclui em sua base de sustentação as antivirtudes da mentira, da deslealdade, dos conluios e... da cafajestagem. Aos poucos, todos irão se despir de sua condição humana tão logo um deles diga que "isto aqui é um jogo". Outros ensaiarão frases pretensamente fincadas na moral: "Mas nem tudo vou fazer para ganhar esse jogo."

Como miquinhos amestrados, os participantes estarão ali para serem desrespeitados, não poucas vezes humilhados e muitas vezes objeto de escárnio e lições filosóficas extraídas de diferentes placas de caminhões e compartilhadas quase diariamente pelo jornalista Pedro Bial, ao que parece, senhor absoluto do reality show. Não faltarão "provas" grotescas, como colocar uma participante para botar ovo a cada trinta minutos; outra para latir ou miar a cada hora cheia; algum outro para passar 24 horas de sua vida fantasiado de bailarina ou para pular e coaxar como sapo sempre que for ativado determinado sinal acústico. O domador, que terá como chicote sua lábia de ocasião ou nalgumas vezes sua língua afiada, continuará sendo Pedro Bial que, a meu ver, representa um claro sinal de como as engrenagens que movem a televisão guardam estreita semelhança com aqueles velhos moedores de carne.

O último a sair da jaula

É inegável que Bial é talentoso. É inegável que passou parte de sua vida tendo páginas de livros ao alcance das mãos e dos olhos. É inegável também que parece inconsciente dos prejuízos éticos e morais que haverá de carregar vida afora. Isto porque a cada nova edição do reality mais se plasmam os nomes BBB e Pedro Bial. E será difícil ao ouvir um não lembrar imediatamente o outro. Porque lançamos aqui nosso nome, que poderá ter vida fugaz de cigarra ou ecoará pela eternidade. Imagino, daqui a uns 25 anos, em 2035, quando um descendente deste Pedro for reconhecido como bisneto daquele homem engraçado que fazia o Big Brother no Brasil. E os milhares de vídeos armazenados virtualmente no YouTube darão conta de ilustrar as gerações do porvir.

E, no entanto, essas quase duas dezenas de jovens estarão ali para ganhar fama instantânea, como se estivessem acondicionados naqueles pacotinhos de sopa da marca Miojo. Imagino cada um deles a envergar letreiro imaginário a nos dizer com a tristeza possível que "Coloco à venda meu corpo sem alma, meu coração quebrado e minha inteligência esgotada; vendo tudo isso muito barato porque vejo que há muita oferta no mercado". E teremos aquele interminável desfile de senso comum. Afinal, serão 90 dias de vida desperdiçada, ou melhor, de vida em que a principal atividade humana será jogar conversa fora. O que dá no mesmo. E não será o senso comum exatamente aquele conjunto de preconceitos adquiridos antes de completarmos 15 anos de vida?

Friederich Nietzsche (1844-1900) parecia ter o dom da premonição. É que o filósofo alemão se antecipava muito quando se tratava de projetar ideias sobre a condição humana. É dele esta percepção: "O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele". Isto porque Nietzsche foi poupado de atrações quase sérias e semi-circenses, como o BBB. No picadeiro, o macaco é aplaudido por sua imitação do humano: se equilibra e passeia de triciclo e de bicicleta, se veste de gente, com casaca e gravata, sabe usar vaso sanitário, descasca alimentos. No picadeiro do BBB, os seres humanos são aplaudidos por se mostrarem intolerantes uns com os outros, se vestem de papagaios, ladram, miam, coaxam, zumbem – e tudo como se animais fossem. Chegam a botar ovo em momento predeterminado. Se vestem de esponja e se encharcam de detergente a limpar pratos descomunais noite afora.

Em sua imitação de animal, o humano que se sobressai no BBB é aquele que consegue ficar engaiolado – digo, literalmente engaiolado – junto com outros bípedes não emplumados – por grande quantidade de horas. E sem poder satisfazer as necessidades humanas básicas, muitas vezes tendo que ficar em uma mesma posição, como seriemas destreinadas. E são os únicos animais que demonstram imensa felicidade em permanecer por mais tempo na gaiola. Não lhes jogam bananas nem pipocas, mas quem for o último a sair da jaula semi-humana ganha uma prenda. Pode ser um passeio de helicóptero, pode ser um carro, pode ser uma noite na Marquês de Sapucaí.

Heidegger reconheceria

O leitor atento deve ter percebido que em algum momento deste texto mencionei que o BBB 11 terá mudanças. Nem vou me dar ao trabalho de editar. Eis o que copiei do site G1:

"Boninho, diretor do BBB, falou em seu Twitter nesta quarta-feira, 24/11, sobre a nova edição do programa, a 11ª, que estreará em janeiro de 2011. E ele adianta que, desta vez, as coisas vão mudar. ‘Esse ano tudo vai ser diferente... Nada é proibido no BBB, pode fazer o que quiser’, postou Boninho em seu microblog. Questionado sobre o que estaria liberado no confinamento que não estava em edições anteriores, ele respondeu: ‘Esse ano... liberado! Vai valer tudo, até porrada’. Boninho também comentou sobre as bebidas no reality show: ‘Acabou o ice no BBB... Vai ser power... chega de bebida de criança’, escreveu."

Não terá chegado a hora de o portentoso império Globo de comunicação negociar com o governo italiano a cessão do Coliseu romano para parte das locações, ao menos aquelas em que murros e safanões, sob efeito de álcool ou não, certamente ocorrerão? E como nada compreendo de Heidegger, só me resta dizer que ao longo de toda sua vida madura Heidegger esteve obcecado pela possibilidade de haver um sentido básico do verbo "ser" que estaria por trás de sua variedade de usos. E são recorrentes suas concepções quanto ao que existe, o estudo do que é, do que existe: a questão do Ser (i.e. uma Ontologia) dependente dos filósofos antes de Sócrates, da filosofia de Platão e de Aristóteles e dos Gnósticos.

Quem sabe tivesse assistido uma única noite do BBB – caso o formato da Endemol estivesse em cena antes de 1976 –, o filósofo, por muitos cultuado, não apenas teria uma confirmação segura de que não valia mesmo a pena publicar o segundo volume de sua obra principal, O Ser e o Tempo, como também haveria de reconhecer a inexistência de algo anterior ao ser. Mas, com certeza, se fartaria com a miríade de usos dados ao verbo "ser".

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

De quem é a culpa pelas enchentes em São Paulo, de acordo com a Folha de São Paulo...


Provavelmente em janeiro do ano que vem, postarei uma piadinha semelhante a esta... Tem certas coisas que teimam em não mudar, não é verdade?

Pesquei no Quanto tempo dura

O ódio político

Jared Lee Loughner apareceu com a cabeça raspada, um ferimento na testa e sorrindo em foto divulgada pela polícia. Na corte federal ele entrou algemado, olhando fixo para frente e, como fez desde sábado, não deu nenhuma declaração. Respondeu apenas que estava ciente das primeiras acusações contra ele
Com a locução acima, o correspondente do Jornal da Globo Rodrigo Bocardi iniciou a reportagem sobre a tragédia de Tucson, no Estado norte-americano do Arizona, em que Loughner matou seis pessoas e feriu quatorze. O alvo principal era a deputada democrata Pamela Simon, que agoniza no hospital.
Quem admite que a causa do ato ensandecido do lunático de 22 anos pode ter sido o clima político desencadeado pelos ultraconservadores do movimento Tea Party não foi um blog sujo, comunista, progressista, regressista ou coisa que o valha, mas o Jornal da Globo.
O telejornal admitiu que o movimento conservador liderado pela candidata derrotada à Presidência dos EUA em 2008, Sarah Palin, pode ser o responsável por conta do ódio político que vem pregando.
É curioso – e, talvez, providencial, para o Brasil – que esse fato tenha ocorrido poucos dias depois da onda de jovens ensandecidos que, às dezenas, no dia da posse de Dilma Rousseff na Presidência da República pediam, peloTwitter, que ela fosse alvejada por um franco-atirador.
O que espanta é como esses fenômenos ocorrem em ondas e como parecem ter um poder imenso de contaminar as pessoas. Quem viu as fotos dos perfis do Twitter dos jovens que pregaram o assassinato de Dilma Rousseff percebeu que eram pouco mais do que crianças, com uma ou outra exceção.
São justamente os jovens que preocupam, tanto nos EUA quanto no Brasil, no âmbito dessas campanhas de demonização de adversários políticos ou ideológicos por grupos radicais. Parecem mais suscetíveis que os adultos, capazes de materializar o que os mais velhos dizem como brincadeira.
Esses perfis crescem aos poucos nas redes sociais. Começam com meia dúzia de seguidores, vão crescendo e conseguem chegar a dezenas de milhares, que passam a ser contaminados com pregações racistas, homofóbicas, xenofóbicas e de ódio político, que, quando entra em campo, acaba reunindo todas essas fobias sociais em uma só.
Durante a campanha eleitoral à Presidência do Brasil, ano passado, o ódio político, estimulado pela mídia, enveredou pelos mesmos caminhos da pregação fascista do Tea Party, com cristãos fundamentalistas promovendo a execração de Dilma Rousseff. Até os homofóbicos simpatizantes do adversário da candidata passaram a acusá-la do que consideram o pior dos crimes.
O que acaba de acontecer nos Estados Unidos é uma tragédia e fica difícil dizer que se pode tirar algum proveito dela, mas é possível extrair uma lição, sim. Tão eficaz que, como diz a reportagem do Jornal da Globo, “os dois lados”, por lá, já estão pensando em fazer diminuir a temperatura do clima político.
Homofóbicos pregam que jovens podem ser “contaminados” vendo homossexuais, o que é uma bobagem na qual ninguém bom da cabeça pode acreditar. Todavia, jovens podem ser, sim, contaminados por estímulos à violência e ao preconceito. As provas estão aí, nos que pregaram assassinato de nordestinos e da presidente da República pelo Twitter.
O ódio político, ideológico ou moralista não pode ser estimulado. Os grupos radicais que se organizam para promover o ódio contra pessoas são um risco à sociedade mesmo quando julgam que defendem causas nobres.
Essa é uma reflexão que os agentes políticos no Brasil têm que fazer. Mídia, partidos e até movimentos sociais estão enveredando por caminho arriscado que pode gerar conseqüências imprevisíveis. E, nesse contexto, tanto a direita midiática quanto a esquerda têm que parar e pensar.
Abaixo, a matéria do Jornal da Globo supra mencionada.
Pesquei no blog da Cidadania.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ombudsman reconhece o mico da Folha

Por Altamiro Borges:

A brutal perseguição imposta ao blog satírico Falha de S. Paulo, que foi censurado, processado e ainda corre risco de pagar multa, está dando uma baita dor de cabeça à famiglia Frias. Agora é a própria ombudsman da Folha, Suzana Singer, que reconhece que a empresa deu um tiro no pé. No artigo intitulado “David e Golias” – será que ela ainda acha que o jornal em que trabalha é tão forte assim? –, a conclusão é taxativa: “O processo da Folha contra a ‘Falha’ prejudica mais o jornal do que o blog humorístico”.

Para quem não conhece a história, o blog foi criado em setembro passado pelos irmãos Lino e Mário Bocchini. O primeiro até já trabalhou num dos jornais do Grupo Folha e tem um vasto currículo na chamada grande imprensa. Críticos da postura direitista do jornal, que durante a campanha presidencial virou palanque eleitoral do demotucano José Serra, eles resolveram fazer um sítio com sátiras hilárias e irreverentes às capas, reportagens, colunistas e chefões da empresa jornalística.

Guerrilha virtual foi decisiva

A famiglia Frias, que adora posar de guardiã da liberdade de expressão, perdeu o senso de humor e partiu para a retaliação mais violenta. Alegou que o uso do nome Falha, inclusive com um logotipo similar, confundia os leitores. Em outubro, uma liminar da Justiça tirou o blog do ar. O processo será julgado em primeira instância e a empresa ainda exige indenização dos seus criadores. A vida deles virou um inferno jurídico, com altos custos financeiros e muito dispêndio de tempo e energia.

Mas a prepotente Folha não esperava a atitude corajosa dos irmãos Bocchini, que resolveram resistir ao ex-poderoso Golias. Eles mantiveram a blog, agora com o nome “Desculpe a nossa Falha” e partiram para a guerrilha virtual. A família Frias também não contava com a força da internet, que difundiu a denúncia. De todos os cantos, surgiram manifestações de apoio ao blog. Julian Assange, vítima de perseguição devido as revelações do WikiLeaks, usou o rival Estadão para criticar a Folha. O Financial Times afirmou que sua “reputação desandou” e até a ONG Repórteres Sem Fronteiras, ligada aos barões da mídia, condenou a Folha.

A derrota do “gigante malvado”

Diante da inusitada reação, finalmente a ombudsman da Folha decidiu registrar o episódio – que o jornal omitia dos seus leitores. Fiel à empresa que paga seu salário, Suzana crítica o blog – “que fazia paródias – grosseiras – das notícias e insultava jornalistas, sempre na tentativa de mostrar que a Folha protegia José Serra”. Mas, numa atitude digna, ela reconhece: o jornal perdeu a batalha. “Um micaço. A definição, dada pelo humorista Claudio Manoel, do extinto "Casseta & Planeta", é perfeita para definir o processo que a Folha decidiu mover contra o blog "Falha de S. Paulo”.

Para ela, o fator decisivo nesta batalha foi a globosfera. “Os irmãos Lino e Mario Ito Bocchini conseguiram montar uma guerrilha poderosa na internet. Tanto barulho só se justifica porque a ‘Falha’ conseguiu convencer uma parte da opinião pública de que o processo é uma tentativa de censura. A Folha discorda... Nessa batalha de David contra Golias, o papel do gigante malvado coube à Folha, que teve sua imagem muito mais prejudicada do que se tivesse simplesmente ignorado as pedrinhas dos irmãos blogueiros”. É bom o ex-poderoso Golias recuar rapidamente, porque novas “pedrinhas” ainda serão lançadas contra a censura.

A defesa do indefensável: o caso do “AI-5 gay”, por Paulo Candido

A questão dos direitos dos homossexuais e do combate à homofobia é bastante simples: a direita religiosa não tem argumentos, apenas uma retórica vazia e um discurso que mal esconde seu ódio e sua intenção de impor a moral de uma religião à sociedade como um todo. A campanha contra o PLC 122, chamado por seus detratores de “AI-5 gay”, se baseia unicamente na vontade destes grupos de manter seu suposto “direito à homofobia”, direito assegurado por uma interpretação particular de textos supostamente ditados por uma suposta divindade a um chefe tribal, há alguns milhares de anos em um deserto distante.
Por incrível que pareça, dentre os comentaristas ligados à igreja é Reinaldo Azevedo quem mantém a posição mais liberal. Mesmo assim o comentarista, que gosta de se dizer “partidário da lógica”, é incapaz de tratar a legislação proposta em termos aceitáveis. Como Reinaldo gosta de um vermelho e azul, faço o mesmo aqui com seu artigo mais recente sobre o assunto. Ao contrário dele, por motivos afetivos eu escrevo em vermelho e deixo o texto original em azul (já que pintar texto de arco-íris é complicado demais, os artigos citados do projeto de lei vão em rosa).
A Lei nº 7716 é uma lei contra o racismo. Sexualidade, agora, é raça? Ora, nem a raça é “raça”, não é mesmo? Salvo melhor juízo, somos todos da “raça humana”. O racismo é um crime imprescritível e inafiançável, e entrariam nessa categoria os cometidos contra “gênero, orientação sexual e identidade de gênero.”
Para começar, a Lei nº 7716 não é mais uma lei contra o racismo, é uma lei contra a discriminação. Em sua redação atual, o artigo 1º diz “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.“ Ou seja, a lei protege vários grupos específicos (negros, indígenas, imigrantes, religiosos etc) contra discriminação e preconceito. A redação proposta acrescenta à lista “gênero, orientação sexual e identidade de gênero.”, estendendo a proteção da lei às mulheres em geral e também aos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.

E só para não deixar passar a bola quicando na área, é claro que “raça” não é um conceito biológico como os nossos “positivistas” da democracia racial gostam de propalar. E que o racismo de uma sociedade não deixa de existir quando se demonstra que não há diferença genética entre brancos e negros, por exemplo. Mas isto eu trato em outro post.
Leiam um trecho do PL 122:
Art. 4º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1999, passa a vigorar acrescida do seguinte Art. 4º-A:
“Art. 4º-A Praticar o empregador ou seu preposto atos de dispensa direta ou indireta: Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)anos.”
Art. 5º Os arts. 5º, 6º e 7º da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1999, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 5º Impedir, recusar ou proibir o ingresso ou a permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado, aberto ao público: Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos.”
Para demitir um homossexual, um empregador terá de pensar duas vezes. E cinco para contratar — caso essa homossexualidade seja aparente. Por quê? Ora, fica decretado que todos os gays são competentes. Aliás, na forma como está a lei, só mesmo os brancos, machos, heterossexuais e eventualmente cristãos não terão a que recorrer em caso de dispensa. Jamais poderão dizer: “Pô, fui demitido só porque sou hétero e branco! Quanta injustiça!”. O corolário óbvio dessa lei será, então, a imposição posterior de uma cota de “gênero”, “orientação” e “identidade” nas empresas. Avancemos.
O artigo 4º da lei original diz “Negar ou obstar emprego em empresa privada.“. É óbvio aqui do que se trata: apenas acresce-se a previsão de demissão por discriminação. Ora, nada no texto torna negros, lésbicas ou evangélicos magicamente intocáveis (sempre lembrando que discriminação por religião faz parte do objeto da lei, algo que seus críticos adoram esquecer). Nada impede que os integrantes dos grupos protegidos pela lei sejam demitidos por incompetência ou por necessidades de mercado de uma empresa. O que lei busca impedir é que uma empresa decida demitir um empregado por sua orientação sexual. Ou por sua religião. Ou pela cor de sua pele. Qual o problema? Aliás, a frase “O corolário óbvio dessa lei será, então, a imposição posterior de uma cota de...” é apenas outro artifício do articulista para misturar outro assunto no debate. Por acaso há cotas para negros em empresas privadas? Ou para Testemunhas de Jeová? Pois a lei original está em vigor desde 1997...
“Art. 6º Recusar, negar, impedir, preterir, prejudicar, retardar ou excluir, em qualquer sistema de seleção educacional, recrutamento ou promoção funcional ou profissional: Pena - reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos. ”
Cristãos, muçulmanos, judeus etc têm as suas escolas infantis, por exemplo. Sejamos óbvios, claros, práticos: terão de ignorar o que pensam a respeito da homossexualidade, da “orientação sexual” ou da “identidade de gênero” — e a Constituição lhes assegura a liberdade religiosa — e contratar, por exemplo, alguém que, sendo João, se identifique como Joana? Ou isso ou cana?
Exatamente! Isso “dá cana” e é assim que deve ser. A lei impede que a orientação sexual de alguém seja sequer considerada em um processo seletivo. Ou a cor da pele. Ou a etnia. O uso do exemplo extremo, de um travesti se candidatando a uma vaga de professora em uma escola infantil muçulmana, está aí apenas para chocar e esconder a essência do texto, cujo objetivo é claro: impedir que um banco ou um supermercado, por exemplo, desclassifiquem candidatos a vagas por sua orientação sexual. E vale a pena lembrar sempre que a discriminação que cerca os travestis hoje no Brasil praticamente os exclui do mercado de trabalho regular (exceto em ocupações e setores muito específicos).
Art. 7º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar acrescida dos seguintes art. 8º-A e 8º-B:
“Art. 8º-B Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãs: Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”
Pastores, padres, rabinos etc. estariam impedidos de coibir a manifestação de “afetividade”, ainda que os fundamentos de sua religião a condenem. O PL 122 não apenas iguala a orientação sexual a raça como também declara nulos alguns fundamentos religiosos. É o fim da picada! Aliás, dada a redação, estaríamos diante de uma situação interessante: o homossexual reprimido por um pastor, por exemplo, acusaria o religioso de homofobia, e o religioso acusaria o homossexual de discriminação religiosa, já que estaria impedido de dizer o que pensa. Um confronto de idéias e posturas que poderia ser exercido em liberdade acaba na cadeia.
De fato é o fim da picada! Imagine, dois homens se beijando em uma praça pública ou duas mulheres de mãos dadas em um bar não vão poder ser incomodados por um fanático religioso que queira condená-los ao fogo eterno do inferno aos berros! Veja que isto em nada fere os tais “fundamentos religiosos”. Padres, pastores, rabinos podem continuar condenando o homossexualidade entre seus fiéis. Podem continuar considerando pecaminosas as relações homoafetivas. Agora, se o seu “fundamento religioso” exige que você vá a público reprimir in loco o comportamento de pessoas que sequer seguem a sua religião, então nós temos um problema de outra ordem. As democracias ocidentais não permitem o apedrejamento de prostitutas, ainda que o Velho Testamento da Bíblia o exija. Não se permite também a queima de bruxas. Ou a tortura de infiéis. Eu já li que este artigo “impediria o padre de proibir dois homens de se beijarem no pátio de sua igreja”. Ora, basta ler ali, na lei: “sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãs” Um casal heterossexual pode se beijar no pátio da igreja? Se a resposta é afirmativa então realmente o mesmo vale para casais homossexuais.
Mas o AI-5 mesmo vem agora:
“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero:
§ 5º O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.”
Não há meio-termo: uma simples pregação contra a prática homossexual pode mandar um religioso para a cadeia: crime inafiançável e imprescritível. Se for servidor público, perderá o cargo. Não poderá fazer contratos com órgãos oficiais ou fundações, pagará multa… Enfim, sua vida estará desgraçada para sempre. Afinal, alguém sempre poderá alegar que um simples sermão o expôs a uma situação “psicologicamente vexatória”. A lei é explícita: um “processo administrativo e penal terá início”, entre outras situações, se houver um simples“comunicado de organizações não governamentais de defesa da cidadania e direitos humanos.” Não precisa nem ser o “ofendido” a reclamar: basta que uma ONG tome as suas dores.
Em primeiro lugar, vamos combinar que permitir que uma entidade beneficiada por isenção fiscal mantenha programas de televisão pregando o ódio e a discriminação contra um grupo de cidadãos não é tolerável nem “simples”. Qual deveria ser nossa postura se uma igreja qualquer, com base em algum livro considerado sagrado por ela, começasse a pregar que os negros devem ser relegados a serviços braçais por serem inferiores aos brancos? E se outra igreja começasse a pregar o espancamento de mulheres que saiam às ruas sem véu? Por que então devemos tolerar, como contribuintes e como cidadãos, que uma igreja tenha o direito de atacar de forma genérica o homossexualidade e os homossexuais?
Há também outro detalhe: o artigo protege da mesma forma todos os grupos citados. Inclusive os religiosos. Mas infelizmente os religiosos não estão preocupados com a justiça e sim com a manutenção de seu direito sagrado de fazer exatamente o que a lei proíbe, ou seja, praticar, induzir ou incitar a discriminação a homossexuais.
Não há mesmo meio termo aqui. Ou você concorda que há inúmeras formas de expressão da sexualidade humana e que qualquer discriminação por gênero, orientação sexual ou identidade de gênero é inaceitável ou você é obrigado a torcer a lógica até o limite e invocar uma liberdade de expressão ou de religião para proteger seu medo e seu ódio ao outro, ao diferente.
Reinaldo conclui:
O PL 122 é uma aberração jurídica, viola a liberdade religiosa e cria uma categoria de indivíduos especiais. À diferença de suas “boas intenções”, pode é contribuir para a discriminação, à medida que transforma os gays numa espécie de “perigo legal”.
Estranhamente, a lei de 97 não transformou os evangélicos, os negros ou os judeus em um “perigo legal”, transformou? As empresas deixaram de contratar evangélicos por temerem não poder demiti-los? Acho que não.
Como eu disse no início, Reinaldo é uma das vozes conservadoras menos estridentes neste caso. Em outro trecho do mesmo artigo comentado acima ele escreve:
Leitores habituais deste blog já me deram algumas bordoadas porque não vejo nada de mal, por exemplo, na união civil de homossexuais — que não é “casamento”. Alguns diriam que penso coisa ainda “pior”: se tiverem condições materiais e psicológicas para tanto, e não havendo heterossexuais que o façam, acho aceitável que gays adotem crianças. Minhas opiniões nascem da convicção, que considero cientificamente embasada, de que “homossexualidade não pega”, isto é, nem é transmissível nem é “curável”. Não sendo uma “opção” (se fosse, todos escolheriam ser héteros), tampouco é uma doença. Mais: não me parece que a promiscuidade seja apanágio dos gays, em que pese a face visível de certas correntes contribuir para a má fama do conjunto.
Ou seja, ele não tem nada contra a união civil e acha “aceitável” que casais homossexuais adotem crianças (mas não em igualdade de condições, só “não havendo heterossexuais que o façam”). Digamos que em Reinaldo a homofobia é um traço quase imperceptível, escondido sob um discurso marginalmente racional. Sua crítica, ainda que inválida e algumas vezes enganosa, é quase totalmente isenta de argumentos metafísicos e religiosos (observe que o argumento a favor da pregação religiosa não é em si religioso).
Mas a conclusão final de Reinaldo contra o PL 122 é que ele “causa” discriminação. A malícia deste tipo argumento é óbvia: não existe discriminação, é apenas a lei contra a discriminação que “obriga” os outros atores sociais a se afastarem daquele grupo. É um argumento análogo ao argumento contra cotas raciais, elas seriam “racistas”. Como respondeu um líder negro em um debate, por esta lógica você garantir 10% das vagas de uma universidade para afrodescendentes é racista, você não ter nenhum negro naquela universidade não é. Neste caso, permitir que as igrejas continuem a propalar seu discurso de ódio contra os homossexuais, permitir que os LGBT sejam preteridos em contratações e promoções, permitir que homossexuais sejam mortos (ou agredidos em plena Av. Paulista) apenas por sua orientação sexual, isto não é homofóbico. A lei que puniria tais crimes é que causará o surgimento da homofobia em nossa sociedade tão liberal e compreensiva...

Pesquei o presente artigo no Biscoito Fino e a Massa

domingo, 9 de janeiro de 2011

Wikileaks e os podres poderes

Reproduzo artigo de João Brant, publicado no jornal Brasil de Fato: 

A enxurrada de informações trazidas pelo Wikileaks desde o final de novembro é um fato incontestavelmente relevante. Embora o grupo já atuasse com vazamento de correspondências sigilosas há alguns anos, a mudança de estratégia de divulgação somada ao aumento da quantidade de informações fez os efeitos de agora serem avassaladores.

A maior parte do que foi relevado não surpreende nenhum militante bem informado, mas ajuda a desconstruir o argumento de 'teorias da conspiração'. O império age como império; e ponto final. Mais que isso: tem aliados confiáveis em altas posições do governo brasileiro. Tudo aquilo que você sempre leu na ótima cobertura internacional deste Brasil de Fato soa mais verdadeiro do que nunca.

É claro que junto com qualquer ação que afete o império vem a reação conservadora. Aí vale a interrogação proposta por Boaventura de Sousa Santos em texto recente: “irá o mundo mudar depois destas revelações?”. Ele mesmo responde: “a questão é saber qual das globalizações em confronto – a globalização hegemônica do capitalismo ou a globalização contra-hegemônica dos movimentos sociais em luta por um outro mundo possível – irá beneficiar mais com as fugas de informação”.

Os EUA tentam empurrar para o mundo todo uma agenda de combate aos crimes na internet, que na verdade serve duplamente a seus próprios interesses: no âmbito político, permite a vigilância e a defesa dos interesses de seu governo; no econômico, protege os interesses das grandes empresas, especialmente aquelas que ganham rios de dinheiro como intermediárias de direitos autorais.

No Brasil, o embate entre aqueles que dizem combater os crimes na internet e aqueles que defendem a liberdade e a privacidade na rede tem seu ápice no debate do Projeto de lei 84/99, conhecido como “AI-5 Digital”, que alguns deputados ainda tentam aprovar no lusco-fusco de seus mandatos.

É preciso ficar atento e se organizar para que as forças reacionárias não utilizem esse momento para fazer avançar sua agenda conservadora. O Wikileaks abre uma janela, mas depende de nós garantir que por ela não entrem larápios e fantasmas que andam muito vivos.

* João Brant é integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Ministra desmente “Folha” pelo twitter! Jornal queria usar religião contra Dilma

Estranhei quando vi a “reportagem” da “Folha” logo cedo nesse domingo: os jornalistas Valdo Cruz, Simone Iglesias e Breno Costa trouxeram - no pé de uma matéria na página A9 – a informação de que Dilma retirara o crucifixo do gabinete e a Bíblia da mesa de trabalho do Palácio do Planalto.

Uma pulga atrás da orelha: por que o jornal não deu foto, mostrando o gabinete “antes” (com crucifixo e Bíblia) e “depois” (sob a intervenção da malvada presidenta atéia)?
E, se o fato era tão importante (a ponto de os editores botarem em primeira página), por que os repórteres incluíram a informação no pé e não na abertura do texto? Jabuti não sobe em árvore – é o que dizem. O assunto talvez não interessasse aos jornalistas que assinaram a matéria, mas certamente interessou aos donos do jornal. E certamente interessa à direita que trouxe a religião para o centro do debate político, sob os auspícios de Serra, na última campanha eleitoral. É uma forma de mandar o recado: nós avisamos, ela é a favor do aborto, não é religiosa, esses comunistas são perigosos!
Pois bem. Isso estava evidente. Mas o mais interessante veio no começo da tarde. A minstra-chefe da Secom, Helena Chagas, usou o twitter para desmentir a “Folha”. Entendam bem: a ministra não minimizou, não tentou explicar a decisão (que, aliás, seria legítima) de retirar curcifixo e Bíblia. Não! A ministra, simplesmente desmentiu o jornal!
E o curioso: desmentiu não com nota oficial, mas pelo twitter!!!
O que disse Helena Chagas:
- “Pessoal, só esclarecendo:a presidenta Dilma não tirou o crucifixo da parede de seu gabinete.A peça é do ex-presidente Lula e foi na mudança”;
- “Aliás,o crucifixo,que Lula ganhou de um amigo no início do governo,é de origem portuguesa.Mais:Dilma também não tirou a bíblia do gabinete.”;
- “A bíblia está na sala contígua, em cima de uma mesa – onde, por sinal, a presidenta já a encontrou ao chegar ao Planalto. Por fim…”;
- “…um último detalhe:embora goste de trabalhar com laptop,a presidenta não mudou o computador da mesa de trabalho.Continua sendo um desktop.”
Ou seja: segundo a ministra, a “Folha” errou no factual!
A “Folha” pode detestar a Dilma, e pode até achar que deve insuflar a direita religiosa. Mas, pra isso, precisa se ater aos fatos!
De todo jeito, sejamos cuidadosos: vamos aguardar as explicações do jornal da família Frias…
Esse espisódio, do “crucifixogate”, tem tudo pra entrar na mesma lista do “bolinhagate”, do grampo sem áudio e da ficha falsa da Dilma! Com um detalhe extra: ao desmentir o jornal pelo twitter, Helena Chagas não deixa de mandar um recado pra turma da Barão de Limeira – vocês já não estão com essa bola toda.
Humilhante: o maior jornal (?!) do país desmentido pelo twitter!

Do blog Escrevinhador