sábado, 13 de novembro de 2010

Os últimos anos do império da Globo

Reproduzo artigo de Renato Rovai, publicado no sítio da Revista Fórum:

Há elementos bastante sólidos para se afirmar que as Organizações Globo estão vivendo seus últimos anos de império e que para breve ela será apenas mais um grupo de comunicação no Brasil. A audiência da TV aberta, que é o carro chefe da emissora vem caindo de forma constante há algum tempo.

Além disso, a Globo tem perdido telespectadores tanto para a concorrência como para a Internet. Os jovens já passam mais tempo no computador do que na frente da TV. Além do que, na Internet a Globo é mais uma. Seu portal não é nem o maior do país.

Agora, há dois novos elementos que são pilares fundamentais do poder da Globo que podem torná-la ainda mais fraca nos próximos anos. O primeiro tem relação com a decisão recente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cadê) que tirou da emissora a preferência pela renovação dos direitos do Campeonato Brasileiro das temporadas de 2012 a 2014.

A Rede Record está em polvorosa com a notícia. E há apostas de que o grupo do bispo pensa em dobrar o valor pago hoje pelos Marinhos, de 500 milhões ano para 1 bilhão.

Se isso vier a acontecer e a emissora paulista, que já venceu a concorrência pela transmissão dos Jogos Olímpicos de 2012, passará a ter a hegemonia da cobertura esportiva. No caso do Campeonato Brasileiro, se a Record vencer mais essa ela passa a ter condições objetivas de derrotar a Globo no horário nobre.

O melhor horário para os jogos da semana é o das 20h, 20h30. Mas por conta do Jornal Nacional e das novelas, a Globo faz com que eles se iniciem cada dia mais tarde. Antes eram 21h15 e agora já estão começando às 22h. Isso diminui consideravelmente o público nos estádios.

A Globo também só transmite um jogo por semana. Se a Record vier a ganhar o Brasileirão, ela vai fazer exatamente ao contrário. Transmitirá os jogos no horário nobre tanto para poder vender publicidades por um preço melhor, quanto para tirar audiência da sua principal concorrente. E empurrar as novelas para segundo lugar no horário.

Além disso, ao invés de transmitir apenas um jogo por semana, vai tentar fazer o maior número possível de partidas. Ou seja, vamos ter jogos nos canais abertos nas quartas e quintas e talvez em até dois horários nesses dias. Algo como o jogo das 19h e o das 21h. Além disso, o campeonato da série B provavelmente vai ser negociado com alguma parceira, como SBT ou a Rede TV pra ser transmitido nas terças e sextas em horários também nobres. E vão arrancar alguns pontinhos das novelas nos outros dias.

Boa parte da audiência e dos lucros da Globo tem relação com o futebol. Ele é uma das galinhas dos ovos de ouro da emissora. É quem paga boa parte das contas. O núcleo de novelas também é o responsável por uma considerável parcela das receitas e da audiência da emissora. Ou seja….

O segundo elemento que pode levar a derrocada da empresa dos Marinhos ser mais rápido do que o imaginado é que pela primeira vez desde 1964 que há indícios claros de ela não vai ser a toda poderosa do Ministério da Comunicação.

Há muitas articulações tanto no meio empresarial, quanto na sociedade civil e na classe política para impedir que novamente o futuro titular da pasta seja pau-mandado do Jardim Botânico.

Um importante dirigente partidário disse a seguinte frase que resume o animo da tropa governista: “Dessa vez eles perderam mesmo. Quando decidiram apoiar radicalmente o Serra fizeram uma opção. Vão ter o direito sagrado de ser oposição, inclusive no ministério da Comunicação”.

Amém!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Serra plantou ódio, e o Brasil colhe preconceito: as manifestações contra nordestinos na internet

O presente artigo, retirado do blog Escrevinhador, tem relação direta com meu post anterior, em que um vídeo expõe o preconceito raivoso contra o povo nordestino por parte de algumas pessoas.


A campanha conservadora movida pelos tucanos, a misturar religião e política, trouxe à tona o lodo que estava guardado no fundo da represa. A lama surgiu na forma de ódio e preconceito. Muita gente gosta de afirmar: no Brasil não há ódio entre irmãos, há tolerância religiosa. Serra jogou isso fora. A turma que o apoiava infestou a internet com calúnias. E, agora, passada a eleição, o twitter e outras redes sociais são tomadas por manifestações odiosas. 
Como se vê no vídeo acima, não foi só a tal Mayara (estudante de Direito!!!) que declarou ódio aos nordestinos. Há muitos outros. Com nome, assinatura. É fácil identificar um por um. E processar a todos! O Ministério Público deveria agir. A Polícia Federal deveria agir.
E nós devemos estar preparados, porque Serra fez dessas feras da direita a nova militância tucana. Jogou no lixo a história de Montoro e Covas. Serra cavou a trincheira na direita. E o Brasil agora colhe o resultado da campanha odiosa feita por Serra. 
Desde domingo, muita gente já fez as contas e mostrou: Dilma ganharia de Serra com ou sem os votos do Nordeste. Não dei destaque a isso porque acho que é – de certa forma – uma rendição ao pensamento conservador. Em vez de dizer que Dilma ganhou “mesmo sem o Nordeste”, deveríamos dizer: ganhou – também – por causa dos nordestinos. E qual o problema?
E deveríamos lembrar: Dilma ganhou também com o voto de quase 60% dos mineiros e dos moradores do Estado do Rio.E ganhou com quase metade dos votos de paulistas e gaúchos.
Parte da imprensa – que, como Serra,  não aceita a derrota e tenta desqualificar a vitoriosa -  insiste no mapinha ”Estados vermelhos no Norte/Nordeste x Estados azuis no Sul/Sudeste”. O interessante é ver - aqui - a votação por municípios, e  não por Estados: há imensas manchas vermelhas nesse Sul/Sudeste que alguns gostariam de ver todo azulzinho.
No Sul e no Sudeste há muita gente que diz: “não ao ódio”. Se essa turma de mauricinhos idiotas quiser brincar de separatismo, vai ter que enfrentar não apenas o bravo povo nordestino. Vai ter que enfrentar gente do Sul e Sudeste que não aceita dividir o Brasil.
Serra do bem tentou lançar o Brasil no abismo. Não conseguiu. Mas deu combustível para esses idiotas. Caberá a nós enfrentá-los. Com a lei e a força dos argumentos.

Xenofobia: incidente lamentável no pós eleições

Posto este vídeo para que todos saibam o que se passou na internet após a vitória da  candidata do PT, Dilma Rousseff. Foi um show de preconceito, idiotice, grosseria, sentimentos e manifestações tão baixas, que deixariam nazistas orgulhosos. Realmente uma pena. Assistam o vídeo e tirem suas conclusões...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vídeo chocante: não recomendo para cardíacos...

Vídeo muito tosco de uma apresentadora que provavelmente acreditou em sua mãe (quando esta disse que ela cantava bem). Fontes secretas e não oficiais me informaram que ela foi convidada para cantar o hino nacional na solenidade de posse do Serra, caso tivesse sido eleito presidente. Ufa... Não foi dessa vez.

Histórias engraçadas da bíblia...

Posto aqui uma série de vídeos, alguns dos quais já postei antes, em que histórias da Bíblia (que por mais que hilárias que sejam, são levadas a sério por uma quantidade imensa de pessoas) são contadas de maneira muito bem humorada. Vale a pena assistir...















José Dirceu entrevistado no Roda Viva

Posto aqui os vídeos da entrevista concedida por José Dirceu ao programa Roda Viva. Principalmente para que cada um tire suas próprias conclusões. É longa, mas vale a pena...







Cadê a gravação da Veja, Noblat?

Reproduzo artigo do EXCELENTE blog Cidadania.com, do Eduardo Guimarães:


Pode-se resumir a conduta da imprensa brasileira nos últimos oito anos usando a entrevista do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu ao programa Roda Viva na última segunda-feira e a edição da revista Veja que foi às bancas em 23 de outubro, que fez uma acusação gravíssima a Dilma Rousseff bem na reta final da campanha eleitoral em que ela disputou a Presidência da República.
No caso da entrevista de Dirceu ao Roda Viva, o que deixou ver foi quão poucos argumentos a imprensa tem para justificar a criminalização que faz do petista, criminalização que a campanha de José Serra usou tão fartamente na última campanha eleitoral.  No caso da Veja, o caso é bem mais grave e é dele que este post tratará.
A capa da Veja que foi às bancas em 23 de outubro trazia uma foto do prédio do Ministério da Justiça e uma legenda de história em quadrinhos – em letras garrafais – simulando suposta fala gravada de Pedro Abramovay proferida de dentro do prédio, em que acusava Dilma a um interlocutor de ordenar que ele fizesse “dossiês” contra adversários políticos.
Tão grave quanto a acusação da revista foi post do blogueiro da Globo Ricardo Noblat publicado em 24 de outubro, portanto no dia posterior à publicação da denúncia da Veja. Nesse post, Noblat rebate o sentimento de indignação que brotou na sociedade e que fez a denúncia da revista da Editora Abril ser praticamente ignorada até pelos jornais e telejornais que costumam ecoar suas denúncias sistemáticas contra o PT.
Vejam o post:
clique na imagem acima para ir ao post do Blog do Noblat
Tanto a revista quanto o blogueiro têm obrigação de comprovar as acusações que fizeram. Do contrário, qualquer um pode fazer qualquer acusação a qualquer um sem ter que provar o que disse. Bastará dizer que tem provas de um crime e que não as apresentará às autoridades se não no momento em que lhe for conveniente, o que configura obstrução da justiça e de uma investigação policial.
Mesmo que a lei resguarde o direito ao sigilo das fontes jornalísticas, ao acusar e não mostrar provas para resguardar a fonte aquele órgão de imprensa estará assumindo o ônus de ser condenado por ter difamado, já que a acusação restará não comprovada.
Tanto Noblat quanto a revista Veja estão obrigados a avançar na denúncia que fizeram a Dilma Rousseff, de que ela ordenara a subalternos que fizessem dossiês. A sociedade não pode admitir nem uma coisa nem outra, ou seja, que paire tal suspeita sobre a próxima presidente da República ou que acusação tão grave da revista e do blogueiro fique por isso mesmo.
O Ministério Público Federal tem obrigação funcional de apurar a acusação da Veja e de Noblat  e de cobrar a apresentação da gravação que dizem ter “guardada para uso futuro”. Caso não provem que tal gravação existe, deverão ser denunciados por campanha eleitoral negativa ilegal e por calúnia e difamação. Essa é a opinião deste blogueiro e do Movimento dos Sem Mídia.

Dossiê Serra: hegemonia neoliberal

Reproduzo artigo de Altamiro Borges, do Blog do Miro:


A eleição de 3 de outubro confirmou a hegemonia do PSDB em São Paulo. O candidato tucano ao governo estadual, Geraldo Alckmin, foi eleito no primeiro turno com 50,6% dos votos, ainda que num pleito mais difícil do que os anteriores. Com a campanha mais milionária entre os nove concorrentes, com gastos de R$ 15 milhões, ele governará o estado pela terceira vez – assumiu o governo em 2001, com a morte de Mário Covas, e voltou ao posto em 2002, quando se reelegeu. 

Na disputa pelas duas vagas ao Senado, o partido surpreendeu ao eleger o ex-secretário Aloysio Nunes, numa campanha marcada por agressões rasteiras e grotescas manobras. O ex-governador Orestes Quércia, alegando problemas de saúde, retirou a sua candidatura para apoiar Aloysio. O sítio UOL, ligado ao jornal Folha, chegou a noticiar a “morte” do senador Romeu Tuma (PTB), o que foi interpretado pela própria família como uma jogada suja do comando tucano. Já na eleição para deputados federais e estaduais, a coligação que apóia o tucanato garantiu sua forte presença.

Um reduto do conservadorismo

A eleição paulista evidencia que a unidade mais importante da federação virou um reduto do conservadorismo. Os tucanos estão no comando do estado há pelo menos 16 anos, descontando o fato de que Franco Montoro foi eleito em 1982 pelo PMDB e depois ajudou a fundar o PSDB. O que explica esta longa hegemonia dos tucanos, que destoa do restante do país no qual se verifica uma tendência mais progressista na eleição. Quais as razões da ausência de alternância no poder? 

No livro “Os ricos no Brasil”, o economista Marcio Pochmann comprova que São Paulo virou o paraíso dos rentistas e das camadas médias abastadas. Ele é hoje o principal centro da oligarquia financeira. Das 20 mil famílias que especulam com títulos da dívida pública, quase 80% reside no estado. Esta elite preconceituosa mora em condomínios de luxo, desloca-se em helicópteros (a segunda maior frota do mundo) e carros blindados (a maior frota do planeta), e consome em butiques de luxo, como a contrabandista Daslu. 

Elite apartada do povo

Ela não tem qualquer identidade ou compromisso com o povo e vive apartada da dura realidade dos brasileiros. Esta elite ainda influência uma ampla camada média, que come mortadela e arrota caviar, e até uma parcela dos trabalhadores, que presta serviços aos ricaços – os agregados sociais. Esta base social é que dá sustentação e apoio ao bloco neoliberal-conservador, à aliança demotucana. São Paulo retrocedeu na história, lembrando o período da hegemonia da oligarquia do café, que fez oposição férrea à Revolução de 1930 e ao desenvolvimentismo de Vargas. 

Afora esta base social sólida, o longo reinado tucano lançou tentáculos em todas as instâncias do poder. Como diz o refrão, “está tudo dominado”. O PSDB e seus satélites controlam com mãos de ferro a Assembléia Legislativa e já abortaram quase 100 pedidos de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Eles também exercem forte influência no Poder Judiciário, tendo nomeado inúmeros juízes oriundos das elites. No comando da máquina pública há tanto tempo, o tucanato estabeleceu relações privilegiadas e, muitas vezes, promíscuas com empreiteiras, indústrias e bancos – o que garante, entre outras vantagens, fartos recursos para as campanhas eleitorais. 

PSDB é avesso à democracia

Neste cenário de rígido controle é difícil qualquer oposição. O tucanato é avesso à democracia. Os movimentos sociais são criminalizados, como provam as cenas de agressão aos professores e aos policiais civis em greve e a tentativa permanente de satanizar o MST. O sindicalismo sequer é recebido no Palácio dos Bandeirantes para negociar as suas demandas. Diante destes obstáculos autoritários, até hoje a oposição, no parlamento ou nas ruas, não encontrou a melhor forma de denunciar e se contrapor aos estragos e desmandos causados pelo PSDB-DEM em São Paulo. 

A hegemonia tucana também se sustenta sobre o pilar da mídia. Apesar da maioria dos veículos estar sediada em São Paulo, jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão não cumprem seu papel de informar a sociedade sobre a realidade do estado. Diferente da postura adotada diante do governo Lula, a mídia evita destacar os pobres das administrações tucanas. Parece que São Paulo é um paraíso, onde tudo funciona bem – saúde, educação, segurança, transporte, etc. Os tucanos são blindados, parecem “santos”; não há manchetes sobre corrupção ou irregularidades. 

Relações promíscuas com a mídia

Na prática, a mídia desempenha o papel de partido político da direita paulista. Nas eleições de outubro, ela se transformou num verdadeiro cabo-eleitoral de José Serra. O jornal Estadão até assumiu publicamente, em editorial, seu apoio ao demotucano. Outros veículos, como o jornal Folha, a revista Veja e a TV Globo, preferiram ludibriar os ingênuos com uma falsa neutralidade. Os graves problemas de São Paulo não foram tratados pela mídia durante a campanha eleitoral, para alegria de José Serra e Geraldo Alckmin. 

Essa relação intima tem vários motivos. O principal é político. A mídia defende os interesses da elite e, por isso, ela toma partido. Mas há também motivos comerciais mais obscuros e sinistros. O tucanato paulista mantém uma relação promíscua com a mídia. É só lembrar que a sede central da TV Globo em São Paulo ocupou durante anos um terreno público, sem pagar um centavo de aluguel. Ou ainda que o governo tucano banca bilhões na aquisição de assinaturas de revistas da Editora Abril, a mesma que edita a Veja. Isto sem contar os bilhões investidos em publicidade.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A vitória de um projeto generoso

Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:





A vitória de Dilma significa a vitória de lutas que vêm de longe, como eu já escrevi aqui.

A vitória de Dilma é a vitória de Lula e de um projeto que aposta na inclusão. É a continuidade de um governo que teve atuação marcante em quatro eixos, pelo menos:

- criação de um mercado consumidor de massas (recuperação do salário-mínimo, do salário do funcionalismo, Bolsa-Familia, política mais agressiva e popular de crédito) – teve papel fundamental no enfrentamento da crise econômica mundial, porque o Brasil deixou de depender só das exportações e pôde basear sua recuperação no mercado interno;

- respeito aos movimentos sociais – parceria com sindicatos, diálogo com as centrais, com o MST;

- recuperação do papel do Estado – fim das privatizações, valorização do funcionalismo, novos concursos públicos, recuperação do papel planejador do Estado (por exemplo, no campo da energia), fortalecimento dos bancos públicos (não mais como financiadores de privatizações suspeitas, mas como indutores do desenvolvimento);

- política externa soberana – enterro da Alca, criação da UNASUL, valorização de parcerias com China, India, Irã; fim do alinhamento com os EUA.

Dilma significa que isso tudo pode seguir. Mas a campanha mostrou que há pelo menos uma área onde o governo Lula errou, por timidez: política de comunicação. Durante a reta final do primeiro turno, o Brasil voltou a ficar refém de quatro ou cinco famílias que ditam a pauta do Brasil. Os blogs e um ou outro meio tradiconal ofereceram certo contraponto. Mas foi pouco. No segundo mandato, com Franklin Martins, Lula mostrou que é possível avançar muito mais nessa área!

A vitória de Dilma significa também a derrota de muita coisa. Derrota do preconceito e do ódio expressos em mensagens apócrifas, derrota de quem acredita que se ganha eleição misturando política e religião – de forma desrespeitosa e obscurantista.

Dilma no poder significa a derrota de Ali Kamel e seu pornográfico jornalismo de bolinhas na “Globo”. Significa a derrota de Otavinho e suas fichas falsas na “Folha”. Significa a derrota da Abril e de seus blogueiros/colunistas de esgoto.

Dilma é a derrota da extrema-direita que espalhou boatos, fotos falsas, montagens grosseiras e – quando desmascarada – saiu correndo (apagando sites, vestígios, provas).

A vitória de Dilma é a derrota da maior máquina ideológica conservadora montada no Brasil desde o golpe de 64. Essa máquina mostrou sua cara na campanha – unindo a Opus Dei, o Vaticano e o que restou da comunidade de informações a essa turma “profisional” que espalhou emails, calúnias, spams (e atacou até blogs progressistas na calada da noite).

A consagração de Dilma significa a derrota de um candidato covarde: não teve coragem de mostrar FHC na campanha, fingiu ser amigo de Lula e, no desespero, usou aborto e a própria mulher para ataques lamentáveis…

Dilma é a derrota de uma política feita nas sombras, nos telefonemas para as redações, nos dossiês. Dilma significa a vitória de um projeto generoso, e o enterro de uma determinada oposição.

Quem torce pela democracia torce também para que uma nova oposição – séria e democrática – prospere, longe dos dossiês e da truculência serrista. Na próxima semana, teremos tempo para pensar a fundo no que pode vir de uma oposição renovada, quais os movimentos possíveis…

Mas acho que não devemos ter ilusão. Serra tirou da garrafa a extrema-direita. O tipo de campanha feita por ele, e que obteve mais de 40% dos votos, mostra que essa máquina conservadora está à espreita. E pode voltar a atacar. Os colunistas e os chefetes ressentidos – em certa imprensa pornográfica – seguirão a agir nas sombras.

Caberá a nós lançar cada vez mais luz sobre as manobras dessa gente. Derrotada pelo voto e pela força do povo brasileiro.

Voto Serra porque...

Sei que deveria ter postado este vídeo durante a campanha eleitoral, e não depois da eleição da primeira mulher presidente do Brasil... Mas, como humor não faz mal a ninguém, aqui está um vídeo interessantíssimo, que explica de maneira bem humorada e irônica, porque a juventude vota Serra... Hilário.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Blogueiro declara seu voto. Faço minhas suas palavras...

Serra, Paulo Preto e negócios em família

Reproduzo reportagem de Alan Rodrigues, Claudio Dantas Sequeira e Sérgio Pardellas, publicada pela revista IstoÉ: 

À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.

Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. “A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica”, alega a Andrade Gutierrez.

Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.

Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. “É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.

A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo ele, a empresa “nunca teve clientes” na construção civil. “Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais”, afirmou o empresário. “A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta.”

O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da “Folha de S.Paulo” revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” no valor de R$ 2,5 bilhões.

Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.

O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.

As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.

Um desses aditivos previu a “implantação da marginal Capuava”, que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. “O dinheiro simplesmente desapareceu”, acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). “Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago”, afirma Balieiro.

Metrô de São Paulo: escândalos e corrupção.

Posto aqui um vídeo em que fica claro e cristalino como a corrupção está presente no governo paulista. Em uma reportagem impecável de Rodrigo Viana, temos a impressão de que São Paulo é uma terra sem lei, e o Governo tucano, que não é importunado com reportagens e questionamentos da Veja, Estadão, Globo etc, aparentemente caminha para um desfecho de impunidade. A conferir...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cinco motivos para votar em Dilma: por Joelmir Beting

Caricaturas de personalidades que apóiam Dilma


















Fonte: Oleo do Diabo

Serra inaugura a sedução eleitoral. Eita 45...


Publicado no blog Os Amigos do Presidente Lula:

Não há limites para o Zé Baixaria

Serra pede que ‘meninas bonitas’ consigam votos de pretendentes…

Com isso, Serra inaugura a Prostituição Eleitoral!

Amanhã Serra aparece na TV e diz que foi brincadeira…

Mas é o tipo de brincadeira que traz uma carga de desrespeito às mulheres.

Isso lembra o conselho do Serra para o índio

“Ele me disse por telefone: “Não tenho amantes”. Eu até disse: “Também não precisa exagerar”. O que tem que ser é uma coisa discreta”



A matéria que gerou o post foi publicada na Folha Online:

Serra pede que ‘meninas bonitas’ consigam votos de pretendentes


PAULO PEIXOTO
ENVIADO ESPECIAL A UBERLÂNDIA


Ao encerrar o seu discurso em ato da campanha presidencial na tarde desta quinta-feira em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o candidato José Serra (PSDB) apelou até para as “meninas bonitas” irem a campo em busca dos votos dos seus pretendentes masculinos. E orientou as moças a usarem a internet.


“Quero me concentrar agora no que vamos fazer até domingo. Temos que não apenas votar, temos que ganhar voto de quem está indeciso, voto de quem não está ainda muito decidido do outro lado”, disse, acrescentando que cada um dos seus apoiadores deve buscar ao menos mais um voto.


Disse que os que trabalham na saúde, área em que Serra atuou como ministro, podem conseguir cinco votos para ele. E acrescentou: “Se é menina bonita, tem que ganhar 15 [votos]. É muito simples: faz a lista de pretendentes e manda e-mail dizendo que vai ter mais chance quem votar no 45″.


(…)



Eu acho que já vi algo parecido, com outro candidato 45...

Charge de Latuff: quando a Bíblia vence a cidadania

No PL122, José Serra se rende a Silas Malafaia... Serra, de fato, representa um retrocesso...

Posto aqui artigo do blog Vi o mundo, em que fica demonstrado o retrocesso que representa a candidatura Serra. Acho que a Dilma errou ao assumir compromisso com setores evangélicos retrógrados, mas pelo menos o PT tem um histórico de propostas que considero progressistas. Já o Serra não me surpreende. Os pontos contidos no PNDH-3, que causaram tanto frisson em setores religiosos, militares e midiáticos, devem ser ser defendidos e aprovados.

Mais uma coisinha: Pastor Silas Malafaia, vai te catá...

Em convenção da Assembleia de Deus, Serra promete vetar Lei da homofobia




JOSÉ MASCHIO

ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU (PR)



O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, prometeu hoje em Foz do Iguaçu (PR) vetar a Lei da Homofobia, caso ela seja aprovada pelo Congresso.



Segundo Serra, o projeto, como foi aprovado na Câmara, pode tornar um crime “semelhante ao racismo” a pregação de pastores evangélicos contra a prática homossexual.



Ele prometeu o veto depois de ser inquirido sobre o assunto por um pastor presente à 50ª Convenção Anual das Igrejas Assembleias de Deus do Paraná. A proposta, aprovada na Câmara, ainda não foi votada no Senado.



“Uma coisa é grupos de extermínio, praticando violência contra homossexuais, como já ocorreu em São Paulo. Outra coisa é o projeto como está, que passa a perseguir as igrejas que combatem a prática homossexual”, afirmou.



Ele disse que, eleito, não terá dificuldades de fazer a maioria no Congresso, “sem barganhas” para evitar a aprovação da lei.



Convidado de honra dos evangélicos reunidos em Foz do Iguaçu (a 656 KM a oeste de Curitiba), Serra se comprometeu também a lutar contra pontos do Plano Nacional dos Direitos Humanos criticados pela Igreja.



Entre os temas estão a descriminalização do aborto, a união homossexual, a invasão de propriedades e questões relativas à liberdade religiosa.



Segundo o tucano, o Plano Nacional dos Direitos Humanos, “encaminhado por Dilma à sanção do presidente Lula”, criminaliza “quem é contra o aborto”.



Serra disse, a uma plateia estimada pelos organizadores em mais de mil pessoas, que o plano incentiva a invasão à propriedade, “não só ao imóvel rural, mas também a um apartamento”.



Questionado sobre a união homossexual, Serra, que havia defendido a união civil, recentemente, em São Paulo, preferiu lembrar que a tentativa de controle social da mídia pode levar a situações de interferência na liberdade religiosa dos brasileiros.

Empate técnico em Goiás: Perillo (PSDB) 51% x 49% Iris (PMDB). Ecope diverge..

Pesquisa Ibope sobre o 2° turno da eleição para governador de Goiás indica empate técnico entre Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB). Segundo a sondagem, Perillo tem 51% dos votos válidos. Iris tem 49%. A contagem dos votos válidos exclui brancos, nulos e indecisos do total de votos.

Quando considerados todos os votos, novo empate: Perillo com 46% e Iris com 45%. Brancos, nulos e indecisos são 9%. 

O empate técnico ocorre porque, apesar da vantagem numérica do tucano, a diferença entre os candidatos não supera a margem de erro da pesquisa (3 pontos percentuais). Ou seja: a margem de erro pode fazer os percentuais oscilarem para mais ou para menos, tornando incerta a vantagem de Perillo.

A pesquisa foi feita de 24 a 26.out.2010 com 1.204 eleitores. Está registrada no TRE-GO com o n° 37516/2010. 

Na última pesquisa do Ibope (feita de 17 a 19.out.2010) sobre o 2° turno goiano, os candidatos também estavam empatados. Os novos números mostram que eles se mantiveram estáveis, apenas oscilando dentro da margem de erro: Perillo tinha 52% dos votos válidos; Iris, 48%. Com relação ao total de votos, o tucano tinha 48%, o peemedebista 44%. Brancos, nulos e indecisos eram 8%.

Já a pesquisa Ecope sobre o 2° turno da eleição para governador de Goiás indica Marconi Perillo (PSDB) com 55,7% dos votos válidos e Iris Rezende (PMDB) com 44,3% (diferença de 11,4 pontos percentuais). A contagem dos votos válidos exclui brancos e nulos do total, como na apuração real da votação.

Considerados todos os votos, Perillo tem 51,4%. Iris Rezende (PMDB), 40,9%. Votam em branco ou anulam 2% dos eleitores e os indecisos são 5,7%. Nesse caso, a diferença entre os candidatos é de 10,5 pontos percentuais. 

Feita de 21 a 25.out.2010, a pesquisa tem margem de erro de 2,7 pontos percentuais (para mais ou para menos). Foram entrevistados 2.488 eleitores. O registro da pesquisa no TRE-GO tem o n° 53553/2010. 

Fonte: Blog do Fernando Rodrigues

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Auditoria mostra que tucanos desviaram R$ 400 milhões do SUS

Artigo publicado na Carta Capital

Quando assumir, pela terceira vez, o governo do estado de São Paulo em 1º de janeiro de 2011, o tucano Geraldo Alckmin terá que prestar contas de um sumiço milionário de recursos federais do Ministério da Saúde dimensionado, em março passado, pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus). O dinheiro, quase 400 milhões de reais, deveria ter sido usado para garantir remédios de graça para 40 milhões de cidadãos, mas desapareceu na contabilidade dos governos do PSDB nos últimos 10 anos. Por recomendação dos auditores, com base na lei, o governo paulista terá que explicar onde foram parar essas verbas do SUS e, em seguida, ressarcir a União pelo prejuízo.

O relatório do Denasus foi feito a partir de auditorias realizadas em 21 estados. Na contabilidade que vai de janeiro de 1999 e junho de 2009. Por insuficiência de técnicos, restam ainda seis estados a serem auditados. O número de auditores-farmacêuticos do País, os únicos credenciados para esse tipo de fiscalização, não chega a 20. Nesse caso, eles focaram apenas a área de Assistência Farmacêutica Básica, uma das de maior impacto social do SUS. A auditoria foi pedida pelo Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF), ligado à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, para verificar denúncias de desvios de repasses de recursos do SUS para compra e distribuição de medicamentos nos sistemas estaduais de saúde.

O caso de São Paulo não tem parâmetro em nenhuma das demais 20 unidades da federação analisadas pelo Denasus até março de 2010, data de fechamento do relatório final. Depois de vasculhar todas as nuances do modelo de gestão de saúde estadual no setor de medicamentos, os analistas demoraram 10 meses para fechar o texto. No fim das contas, os auditores conseguiram construir um retrato bem acabado do modo tucano de gerenciar a saúde pública, inclusive durante o mandato de José Serra, candidato do PSDB à presidência. 

No todo, o período analisado atinge os governos de Mário Covas (primeiro ano do segundo mandato, até ele falecer, em março de 2001); dois governos de Geraldo Alckmin (de março de 2001 a março de 2006, quando ele renunciou para ser candidato a presidente); o breve período de Cláudio Lembo, do DEM (até janeiro de 2007); e a gestão de Serra, até março de 2010, um mês antes de ele renunciar para disputar a eleição.

Ao se debruçarem sobre as contas da Secretaria Estadual de Saúde, os auditores descobriram um rombo formidável no setor de medicamentos: 350 milhões de reais repassados pelo SUS para o programa de assistência farmacêutica básica no estado simplesmente desapareceram. O dinheiro deveria ter sido usado para garantir aos usuários potenciais do SUS acesso gratuito a remédios, sobretudo os mais caros, destinados a tratamentos de doenças crônicas e terminais. É um buraco e tanto, mas não é o único.

A avaliação dos auditores detectou, ainda, uma malandragem contábil que permitiu ao governo paulista internalizar 44 milhões de reais do SUS nas contas como se fossem recursos estaduais. Ou seja, pegaram dinheiro repassado pelo governo federal para comprar remédios e misturaram com as receitas estaduais numa conta única da Secretaria de Fazenda, de forma ilegal. A Constituição Federal determina que para gerenciar dinheiro do SUS os estados abram uma conta específica, de movimentação transparente e facilmente auditável, de modo a garantir a plena fiscalização do Ministério da Saúde e da sociedade. Em São Paulo essa regra não foi seguida. O Denasus constatou que os recursos federais do SUS continuam movimentados na Conta Única do Estado. Os valores são transferidos imediatamente depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED).

Em fevereiro, reportagem de CartaCapital demonstrou que em três dos mais desenvolvidos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS foram, ao longo dos últimos quatro anos, aplicados no mercado financeiro. O fato foi constatado pelo Denasus após um processo de auditoria em todas as 27 unidades da federação. Trata-se de manobra contábil ilegal para incrementar programas estaduais de choque de gestão, como manda a cartilha liberal seguida pelos tucanos e reforçada, agora, na campanha presidencial. Ao todo, de acordo com os auditores, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passava, à época, de 6,5 bilhões de reais, dos quais mais de 1 bilhão de reais apenas em São Paulo.

Ao analisar as contas paulistas, o Denasus descobriu que somente entre 2006 e 2009, nos governos de Alckmin e Serra, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados para programas de assistência farmacêutica – cerca de 11% do montante apurado, agora, apenas no setor de medicamentos, pelos auditores do Denasus. Além do dinheiro de remédios para pacientes pobres, a primeira auditoria descobriu outros desvios de dinheiro para aplicação no mercado financeiro: 12,2 milhões dos programas de gestão, 15,7 da vigilância epidemiológica, 7,7 milhões do combate a DST/Aids e 4,3 milhões da vigilância epidemiológica.

A análise ano a ano dos auditores demonstra ainda uma prática sistemática de utilização de remédios em desacordo com a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) estabelecida pelo Ministério da Saúde, atualizada anualmente. A lista engloba medicamentos usados nas doenças mais comuns pelos brasileiros, entre os quais antibióticos, antiinflamatórios, antiácidos e remédios para dor de cabeça. Entre 2006 e 2008, por exemplo, dos 178 medicamentos indicados por um acordo entre a Secretaria de Saúde de São Paulo e o programa de Assistência Farmacêutica Básica do Ministério da Saúde, 37 (20,7%) não atendiam à lista da Rename.

Além disso, o Denasus constatou outra falha. Em 2008, durante o governo Serra, 11,8 milhões do Fundo Nacional de Saúde repassados à Secretaria de Saúde de São Paulo para a compra de remédios foram contabilizados como “contrapartida estadual” no acordo de Assistência Farmacêutica Básica. Ou seja, o governo paulista, depois de jogar o recurso federal na vala comum da Conta Única do Estado, contabilizou o dinheiro como oriundo de receitas estaduais, e não como recurso recebido dos cofres da União.

Apenas em maio, dois meses depois de terminada a auditoria do Denasus, a Secretaria Estadual de Saúde resolveu se manifestar oficialmente sobre os itens detectados pelos auditores. Ao todo, o secretário Luís Roberto Barradas Barata, apontado como responsável direto pelas irregularidades por que era o gestor do sistema, encaminhou 19 justificativas ao Denasus, mas nenhuma delas foi acatada. “Não houve alteração no entendimento inicial da equipe, ficando, portanto, mantidas todas as constatações registradas no relatório final”, escreveram, na conclusão do trabalho, os auditores-farmacêuticos.

Barata faleceu em 17 de julho passado, dois meses depois de o Denasus invalidar as justificativas enviadas por ele. Por essa razão, a discussão entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo sobre o sumiço dos 400 milhões de reais devidos ao programa de Assistência Farmacêutica Básica vai ser retomada somente no próximo ano, de forma institucional.

(*) Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros "Jornalismo Investigativo", "Cayman: o dossiê do medo" e "Fragmentos da Grande Guerra", entre outros. Mantém um blog chamado Brasília eu Vi

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Licitação do metrô e falsa ética de Serra

Por Altamiro Borges

Na reta final das eleições, José Serra voltou a posar de paladino da ética. Ele insiste em dizer que “meu passado é limpo” e que “não tenho amigos corruptos”. Numa primeira fase da campanha, o candidato havia abandonado este figurino. Afinal, era difícil explorar eleitoralmente a questão da ética quando ele mesmo sondou o ex-governador do Distrito Federal, o presidiário Arruda, para ser seu “vice-careca”. Serra também tinha ao seu lado a governadora tucana Yeda Crusius, a da mansão bilionária, rechaçada pelos gaúchos nas urnas. A fantasia ética não lhe cabia nada bem.

Nos últimos dias, porém, o tucano voltou a criticar os corruptos na maior caradura. Só que a vida é cruel. Nem bem ele retomou o tema é surgiu a grave denúncia contra Paulo Preto, ex-diretor da Dersa e “operador” da sua campanha que sumiu com R$ 4 milhões do caixa-dois tucano. Agora, para desmoralizar de vez seu falso discurso, a própria Folha notícia que “soube seis meses antes da divulgação do resultado quem seriam os vencedores da licitação para concorrência dos lotes de três a oito da Linha-5 (Lilás) do metrô da capital paulista”. Quem será o novo Paulo Preto?

Folha evita opinar

Segundo o repórter Ricardo Feltrin, o resultado foi divulgado na quinta-feira (21), mas o jornal há havia registrado o nome dos ganhadores em vídeo e cartório em abril. “A licitação foi aberta em outubro de 2008, quando o governador de São Paulo era José Serra (PSDB) – ele deixou o cargo no início de abril para disputar a presidência da República... O Metrô, estatal do governo paulista, afirma que vai investigar. Os consórcios também negam irregularidades ou ‘acertos’”. Mas, não resta dúvida, o grave episódio fede muito. O valor dos lotes passava de R$ 4 bilhões.

A relação promíscua entre o PSDB e as empreiteiras já é conhecida. Há tempos corre o boato de que o tucanato privilegia determinadas empresas e que estas, para compensar a gentileza, ajudam financeiramente nas campanhas eleitorais e na melhoria de alguns patrimônios individuais. Entre as vencedoras desta “licitação” estão as gigantes do setor: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e OAS/Queiroz Galvão. A Folha preferiu não especular sobre o suspeito episódio, bem diferente da sua conduta quando se refere ao governo Lula. E o Metrô jurou inocência!

Mais sujos do que pau de galinheiro

A falsa licitação cai como bomba no colo de Serra. Ele já se mostrava irritado com as denúncias envolvendo Paulo Preto, seu “homem-bomba”. Agora terá que responder as perguntas de Dilma Rousseff sobre as maracutaias no Metrô. O material é inflamável e deverá ser explorado na TV nesta reta final das eleições. Não dá para aceitar a hipocrisia tucana na questão da ética. PSDB e DEM são mais sujos do que pau de galinheiro, sempre estiveram metidos em casos suspeitos de desvio de recursos públicos. Listo apenas quinze casos para refrescar as memórias mais fracas: 

1 - Conivência com a corrupção

O PSDB sempre foi conivente com a corrupção. Um dos primeiros gestos de FHC ao assumir a presidência, em 1995, foi extinguir, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, composta por representantes da sociedade e que visava combater a corrupção. Em 2001, para abortar a CPI da Corrupção, FHC criou a Controladoria-Geral da União, órgão famoso por abafar denúncias. 

2 - O escândalo do Sivam

O contrato para execução do Sivam, de vigilância área, carimbou de sujeira o início do reinado de FHC. A empresa Esca, associada à estadunidense Raytheon e responsável pelo gerenciamento do projeto, foi extinta por fraudar a Previdência. Denúncias de tráfico de influência derrubaram o então embaixador Júlio César dos Santos e o ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Mauro Gandra. 

3 - A farra do Proer 

O Proer, criado em 1996, uniu os tucanos ao sistema financeiro. Para FHC, o custo do programa foi de 1% do PIB, mas para os economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo recapitalização do Banco do Brasil, CEF e socorro aos bancos estaduais. Um enorme rombo nos cofres públicos para ajudar os banqueiros. 

4 - Caixa-dois de campanhas 

As campanhas de FHC em 1994 e em 1998 teriam se beneficiado do esquema de caixa-dois. Em 1994, pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de contas entregue ao TSE. Em 1998, teriam passado pela contabilidade paralela R$ 10,1 milhões. 

5 - Propina na privatização 

A privatização da Telebrás e da Vale do Rio Doce foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e de José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, foi acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale, e de ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. 

6 - A emenda da reeleição 

FHC garantiu a emenda da sua reeleição a um preço alto. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, PFL-AC, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Os dois renunciaram aos mandatos. Já outros três parlamentares acusados de venda do voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara.

7 - Os ralos do DNER 

O DNER foi um dos principais focos de corrupção no governo de FHC. Através dos precatórios, manobra contábil que consiste em furar a fila para o pagamento de títulos públicos, estima-se que os beneficiados pela fraude pagavam 25% do valor real para a quadrilha que comandava o órgão. 

8 - Desvalorização do real 

Para se reeleger em1998, FHC segurou a artificial paridade entre o real e o dólar. Reeleito, deu o golpe. No processo da desvalorização da moeda, que afundou a economia, ainda houve denúncia de vazamento de informações do Banco Central. 24 bancos lucraram com a mudança cambial e outros quatro que registraram movimentação especulativa às vésperas do anúncio da medida. 

9 - O caso Marka/FonteCindam 

Durante a desvalorização do real, os bancos Marka e FonteCindam foram socorridos pelo Banco Central com R$ 1,6 bilhão. O pretexto é que a quebra dos bancos criaria riscos para a economia. Chico Lopes, ex-presidente do BC, e Salvatore Cacciola, ex-dono do Marka, até foram detidos. Cacciola, ex-sogro do vice do Serra, Índio da Costa, fugiu para a Itália, mas foi novamente preso. 

10 - Eduardo Jorge, personagem suspeito 

Eduardo Jorge Caldas, o mesmo que agora se diz vitima da quebra do sigilo fiscal, é uma figura sinistra. Ex-secretário-geral de FHC, ele esteve envolvido no esquema de liberação de verba para o TRT/SP [do famoso Lalau], superfaturamento do Serpro, montagem do caixa-dois da reeleição de FHC, lobby junto às empresas de informática e de manipular recursos dos fundos de pensão nas privatizações. Se houvesse Justiça no Brasil, seu sigilo fiscal já teria sido quebrado há tempo. 

11- O esquema do FAT 

A Fundação Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, foi acusada de envolvimento em desvios de R$ 4,5 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Descobriu-se que parte do dinheiro, que deveria ser usado no treinamento de 54 mil trabalhadores do Distrito Federal, sumiu. Na gestão de FHC, as fraudes com recursos do FAT ocorreram em 17 unidades da federação. 

12 - Obras irregulares 

Levantamento do Tribunal de Contas da União, feito em 2001, indicou a existência de 121 obras federais com indícios de irregularidades graves. As falcatruas envolviam vários integrantes do governo FHC. Uma dessas obras, a hidrelétrica de Serra da Mesa, interior de Goiás, deveria ter custado 1,3 bilhão de dólares, mas consumiu o dobro dos recursos. 

13 - Verbas do BNDES 

Além de vender o patrimônio público a preço de banana, o governo FHC, por meio do BNDES, destinou cerca de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram o controle de ex-estatais privatizadas. As maiores beneficiárias pela ajudinha tucana foram as operadoras de telefonia e as empresas do setor elétrico. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou R$ 686,8 milhões na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa. 

14 - Intervenção na Previ 

Em 2002, FHC decretou intervenção na Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com patrimônio de R$ 38 bilhões. Afastou seis diretores, inclusive os três eleitos pelos funcionários do BB. O ato truculento ocorreu a pedido do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Dias antes da intervenção, FHC recebeu Dantas no Palácio Alvorada. O banqueiro teria ameaçado divulgar alguns dossiês sobre o processo das privatizações – ou privatarias.

15 - Relações perigosas de José Serra

Estes e outros casos são do conhecimento de Serra, que agora posa de paladino da ética. Muitos dos envolvidos em corrupção no governo FHC têm relações intimas com o candidato. Entre eles destacam-se três figuras: Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, acusado de tráfico de influência quando era diretor do BB e de cobrar propina nos processos de privatização; o empresário espanhol Gregório Preciado, que obteve perdão de uma dívida de R$ 73 milhões junto ao BB e foi casado com uma prima de Serra; e Vladimir Antonio Rioli, ex-vice-presidente do Banespa e ex-sócio de Serra numa empresa de consultoria, que teria facilitado operações para repatriar US$ 3 milhões depositados nas Ilhas Cayman - paraíso fiscal do Caribe.