domingo, 13 de junho de 2010

Seleção Brasileira não é a Pátria! Certo?



A discussão que levanto aqui é resultado de discussões que tive em casa em razão de uma postura que tomei esse ano, e digo para todos: não torcer pela Seleção Brasileira. E muitas pessoas acabaram confundindo minha decisão de não torcer pela seleção canarinho com um atitude anti-patriótica, um verdadeiro crime contra a brasilidade e o senso de lealdade ao nosso país. Nada mais falacioso e ideológico - no sentido marxista da palavra, a significar um conceito ou idéia que não corresponde à realidade, que mascara a verdade.

O primeiro ponto a ser debatido é no que diz respeito à seleção como sendo "brasileira", quando percebemos que a grande maioria dos convocados defende times de outros países, e a ligação desses jogadores com o povo brasileiro é cada vez mais frágil, com raras exceções. A atual seleção tem muitos jogadores que são pouco conhecidos pela nação brasileira, que fazem parte de uma realidade paralela que pertence ao mundo europeu, do Oriente Médio ou da Ásia.

Além disso, há o fator econômico que exerce uma influencia muito grande nas escolhas feitas no que diz respeito a seleção: patrocinadores de alguns jogadores que, às vezes, dão as cartas na montagem do time; um presidente da CBF , entidade máxima que representa nosso futebol, que todos conhecem e dispensa maiores apresentações, não é Sr. Ricardo Teixeira? Um homem acima do bem e do mal, intocável, mas que todos desejam tocar, mesmo que apenas em suas vestes para que sejam "sarados" (ou "sanados"). Me sinto muito desconfortável em torcer por um time que representa os interesses de gente dessa estirpe. Aliás, uma perguntinha que não quer calar: para que a CBF precisa de tantos milhões que recebe de amistosos da seleção ou de conquistas de campeonatos, já que é apenas uma entidade representativa? E o que é feito com essa dinheirama? Vai saber... Como disse anteriormente, ele não precisa se preocupar com miudezas como prestar contas ao Brasil, já que seu time tem uma copa para ganhar em 2010 e uma copa para ganhar muito dinheiro, quer dizer, dirigir em seu país em 2014.

Vale a pena frisar que a seleção, para mim, é muito mais do Ricardo Teixeira e do Dunga, que do Brasil. É a coordenação do primeiro e a visão de futebol do segundo que determinam o tipo de seleção que vamos ver jogar, mesmo que contrarie a imensa massa do povo brasileiro, que já elegeu seus vilões e seus mocinhos no contexto futebolístico ( e serão confirmados ou não, a depender do resultado obtido na Copa 2010).

Mas a grande questão é tentar entender a razão que leva um time de futebol a representar toda uma nação, em que todos depositam suas esperanças e frustrações. Por que é considerado patriótico, nesse contexto, se vestir de verde e amarelo, colocar uma bandeira no carro a desfilar pela cidade, pintar a cara com as cores do Brasil, durante a Copa do Mundo? Sob esse prisma, com certeza serei tachado de anti-patriótico. Porém, não podemos perder de vista o que realmente tem relevância, aquilo que fazemos ou não para construir um país mais justo, uma sociedade cidadã, no intervalo entre as copas. Nesse período, atitudes como as que citei anteriormente serão consideradas extravagantes e não serão muito elogiadas. Mas o que país do futebol precisa é de cidadão que discutam o país, com seriedade; que se comprometam muito mais com um país melhor para se viver que com o seu time de futebol.

Então, que fique claro: não quero que a Seleção do Dunga seja campeã. Não nego. Mas torço pelo Brasil, pelo aprofundamento do processo de crescimento econômico aliado a distribuição de renda que temos vivido nos últimos oito anos. O que me preocupa não é a decisão de Julho. É a decisão de Outubro.

Um comentário:

  1. Pedro.... resumindo... não a política do "PÃO E CIRCO"... E VIVA O PENSAR!!

    Até mais...

    Janaina Morais

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