sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Blogueiro declara seu voto. Faço minhas suas palavras...

Serra, Paulo Preto e negócios em família

Reproduzo reportagem de Alan Rodrigues, Claudio Dantas Sequeira e Sérgio Pardellas, publicada pela revista IstoÉ: 

À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.

Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. “A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica”, alega a Andrade Gutierrez.

Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.

Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. “É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.

A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo ele, a empresa “nunca teve clientes” na construção civil. “Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais”, afirmou o empresário. “A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta.”

O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da “Folha de S.Paulo” revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” no valor de R$ 2,5 bilhões.

Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.

O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.

As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.

Um desses aditivos previu a “implantação da marginal Capuava”, que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. “O dinheiro simplesmente desapareceu”, acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). “Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago”, afirma Balieiro.

Metrô de São Paulo: escândalos e corrupção.

Posto aqui um vídeo em que fica claro e cristalino como a corrupção está presente no governo paulista. Em uma reportagem impecável de Rodrigo Viana, temos a impressão de que São Paulo é uma terra sem lei, e o Governo tucano, que não é importunado com reportagens e questionamentos da Veja, Estadão, Globo etc, aparentemente caminha para um desfecho de impunidade. A conferir...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cinco motivos para votar em Dilma: por Joelmir Beting

Caricaturas de personalidades que apóiam Dilma


















Fonte: Oleo do Diabo

Serra inaugura a sedução eleitoral. Eita 45...


Publicado no blog Os Amigos do Presidente Lula:

Não há limites para o Zé Baixaria

Serra pede que ‘meninas bonitas’ consigam votos de pretendentes…

Com isso, Serra inaugura a Prostituição Eleitoral!

Amanhã Serra aparece na TV e diz que foi brincadeira…

Mas é o tipo de brincadeira que traz uma carga de desrespeito às mulheres.

Isso lembra o conselho do Serra para o índio

“Ele me disse por telefone: “Não tenho amantes”. Eu até disse: “Também não precisa exagerar”. O que tem que ser é uma coisa discreta”



A matéria que gerou o post foi publicada na Folha Online:

Serra pede que ‘meninas bonitas’ consigam votos de pretendentes


PAULO PEIXOTO
ENVIADO ESPECIAL A UBERLÂNDIA


Ao encerrar o seu discurso em ato da campanha presidencial na tarde desta quinta-feira em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o candidato José Serra (PSDB) apelou até para as “meninas bonitas” irem a campo em busca dos votos dos seus pretendentes masculinos. E orientou as moças a usarem a internet.


“Quero me concentrar agora no que vamos fazer até domingo. Temos que não apenas votar, temos que ganhar voto de quem está indeciso, voto de quem não está ainda muito decidido do outro lado”, disse, acrescentando que cada um dos seus apoiadores deve buscar ao menos mais um voto.


Disse que os que trabalham na saúde, área em que Serra atuou como ministro, podem conseguir cinco votos para ele. E acrescentou: “Se é menina bonita, tem que ganhar 15 [votos]. É muito simples: faz a lista de pretendentes e manda e-mail dizendo que vai ter mais chance quem votar no 45″.


(…)



Eu acho que já vi algo parecido, com outro candidato 45...

Charge de Latuff: quando a Bíblia vence a cidadania

No PL122, José Serra se rende a Silas Malafaia... Serra, de fato, representa um retrocesso...

Posto aqui artigo do blog Vi o mundo, em que fica demonstrado o retrocesso que representa a candidatura Serra. Acho que a Dilma errou ao assumir compromisso com setores evangélicos retrógrados, mas pelo menos o PT tem um histórico de propostas que considero progressistas. Já o Serra não me surpreende. Os pontos contidos no PNDH-3, que causaram tanto frisson em setores religiosos, militares e midiáticos, devem ser ser defendidos e aprovados.

Mais uma coisinha: Pastor Silas Malafaia, vai te catá...

Em convenção da Assembleia de Deus, Serra promete vetar Lei da homofobia




JOSÉ MASCHIO

ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU (PR)



O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, prometeu hoje em Foz do Iguaçu (PR) vetar a Lei da Homofobia, caso ela seja aprovada pelo Congresso.



Segundo Serra, o projeto, como foi aprovado na Câmara, pode tornar um crime “semelhante ao racismo” a pregação de pastores evangélicos contra a prática homossexual.



Ele prometeu o veto depois de ser inquirido sobre o assunto por um pastor presente à 50ª Convenção Anual das Igrejas Assembleias de Deus do Paraná. A proposta, aprovada na Câmara, ainda não foi votada no Senado.



“Uma coisa é grupos de extermínio, praticando violência contra homossexuais, como já ocorreu em São Paulo. Outra coisa é o projeto como está, que passa a perseguir as igrejas que combatem a prática homossexual”, afirmou.



Ele disse que, eleito, não terá dificuldades de fazer a maioria no Congresso, “sem barganhas” para evitar a aprovação da lei.



Convidado de honra dos evangélicos reunidos em Foz do Iguaçu (a 656 KM a oeste de Curitiba), Serra se comprometeu também a lutar contra pontos do Plano Nacional dos Direitos Humanos criticados pela Igreja.



Entre os temas estão a descriminalização do aborto, a união homossexual, a invasão de propriedades e questões relativas à liberdade religiosa.



Segundo o tucano, o Plano Nacional dos Direitos Humanos, “encaminhado por Dilma à sanção do presidente Lula”, criminaliza “quem é contra o aborto”.



Serra disse, a uma plateia estimada pelos organizadores em mais de mil pessoas, que o plano incentiva a invasão à propriedade, “não só ao imóvel rural, mas também a um apartamento”.



Questionado sobre a união homossexual, Serra, que havia defendido a união civil, recentemente, em São Paulo, preferiu lembrar que a tentativa de controle social da mídia pode levar a situações de interferência na liberdade religiosa dos brasileiros.

Empate técnico em Goiás: Perillo (PSDB) 51% x 49% Iris (PMDB). Ecope diverge..

Pesquisa Ibope sobre o 2° turno da eleição para governador de Goiás indica empate técnico entre Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB). Segundo a sondagem, Perillo tem 51% dos votos válidos. Iris tem 49%. A contagem dos votos válidos exclui brancos, nulos e indecisos do total de votos.

Quando considerados todos os votos, novo empate: Perillo com 46% e Iris com 45%. Brancos, nulos e indecisos são 9%. 

O empate técnico ocorre porque, apesar da vantagem numérica do tucano, a diferença entre os candidatos não supera a margem de erro da pesquisa (3 pontos percentuais). Ou seja: a margem de erro pode fazer os percentuais oscilarem para mais ou para menos, tornando incerta a vantagem de Perillo.

A pesquisa foi feita de 24 a 26.out.2010 com 1.204 eleitores. Está registrada no TRE-GO com o n° 37516/2010. 

Na última pesquisa do Ibope (feita de 17 a 19.out.2010) sobre o 2° turno goiano, os candidatos também estavam empatados. Os novos números mostram que eles se mantiveram estáveis, apenas oscilando dentro da margem de erro: Perillo tinha 52% dos votos válidos; Iris, 48%. Com relação ao total de votos, o tucano tinha 48%, o peemedebista 44%. Brancos, nulos e indecisos eram 8%.

Já a pesquisa Ecope sobre o 2° turno da eleição para governador de Goiás indica Marconi Perillo (PSDB) com 55,7% dos votos válidos e Iris Rezende (PMDB) com 44,3% (diferença de 11,4 pontos percentuais). A contagem dos votos válidos exclui brancos e nulos do total, como na apuração real da votação.

Considerados todos os votos, Perillo tem 51,4%. Iris Rezende (PMDB), 40,9%. Votam em branco ou anulam 2% dos eleitores e os indecisos são 5,7%. Nesse caso, a diferença entre os candidatos é de 10,5 pontos percentuais. 

Feita de 21 a 25.out.2010, a pesquisa tem margem de erro de 2,7 pontos percentuais (para mais ou para menos). Foram entrevistados 2.488 eleitores. O registro da pesquisa no TRE-GO tem o n° 53553/2010. 

Fonte: Blog do Fernando Rodrigues

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Auditoria mostra que tucanos desviaram R$ 400 milhões do SUS

Artigo publicado na Carta Capital

Quando assumir, pela terceira vez, o governo do estado de São Paulo em 1º de janeiro de 2011, o tucano Geraldo Alckmin terá que prestar contas de um sumiço milionário de recursos federais do Ministério da Saúde dimensionado, em março passado, pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus). O dinheiro, quase 400 milhões de reais, deveria ter sido usado para garantir remédios de graça para 40 milhões de cidadãos, mas desapareceu na contabilidade dos governos do PSDB nos últimos 10 anos. Por recomendação dos auditores, com base na lei, o governo paulista terá que explicar onde foram parar essas verbas do SUS e, em seguida, ressarcir a União pelo prejuízo.

O relatório do Denasus foi feito a partir de auditorias realizadas em 21 estados. Na contabilidade que vai de janeiro de 1999 e junho de 2009. Por insuficiência de técnicos, restam ainda seis estados a serem auditados. O número de auditores-farmacêuticos do País, os únicos credenciados para esse tipo de fiscalização, não chega a 20. Nesse caso, eles focaram apenas a área de Assistência Farmacêutica Básica, uma das de maior impacto social do SUS. A auditoria foi pedida pelo Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF), ligado à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, para verificar denúncias de desvios de repasses de recursos do SUS para compra e distribuição de medicamentos nos sistemas estaduais de saúde.

O caso de São Paulo não tem parâmetro em nenhuma das demais 20 unidades da federação analisadas pelo Denasus até março de 2010, data de fechamento do relatório final. Depois de vasculhar todas as nuances do modelo de gestão de saúde estadual no setor de medicamentos, os analistas demoraram 10 meses para fechar o texto. No fim das contas, os auditores conseguiram construir um retrato bem acabado do modo tucano de gerenciar a saúde pública, inclusive durante o mandato de José Serra, candidato do PSDB à presidência. 

No todo, o período analisado atinge os governos de Mário Covas (primeiro ano do segundo mandato, até ele falecer, em março de 2001); dois governos de Geraldo Alckmin (de março de 2001 a março de 2006, quando ele renunciou para ser candidato a presidente); o breve período de Cláudio Lembo, do DEM (até janeiro de 2007); e a gestão de Serra, até março de 2010, um mês antes de ele renunciar para disputar a eleição.

Ao se debruçarem sobre as contas da Secretaria Estadual de Saúde, os auditores descobriram um rombo formidável no setor de medicamentos: 350 milhões de reais repassados pelo SUS para o programa de assistência farmacêutica básica no estado simplesmente desapareceram. O dinheiro deveria ter sido usado para garantir aos usuários potenciais do SUS acesso gratuito a remédios, sobretudo os mais caros, destinados a tratamentos de doenças crônicas e terminais. É um buraco e tanto, mas não é o único.

A avaliação dos auditores detectou, ainda, uma malandragem contábil que permitiu ao governo paulista internalizar 44 milhões de reais do SUS nas contas como se fossem recursos estaduais. Ou seja, pegaram dinheiro repassado pelo governo federal para comprar remédios e misturaram com as receitas estaduais numa conta única da Secretaria de Fazenda, de forma ilegal. A Constituição Federal determina que para gerenciar dinheiro do SUS os estados abram uma conta específica, de movimentação transparente e facilmente auditável, de modo a garantir a plena fiscalização do Ministério da Saúde e da sociedade. Em São Paulo essa regra não foi seguida. O Denasus constatou que os recursos federais do SUS continuam movimentados na Conta Única do Estado. Os valores são transferidos imediatamente depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED).

Em fevereiro, reportagem de CartaCapital demonstrou que em três dos mais desenvolvidos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS foram, ao longo dos últimos quatro anos, aplicados no mercado financeiro. O fato foi constatado pelo Denasus após um processo de auditoria em todas as 27 unidades da federação. Trata-se de manobra contábil ilegal para incrementar programas estaduais de choque de gestão, como manda a cartilha liberal seguida pelos tucanos e reforçada, agora, na campanha presidencial. Ao todo, de acordo com os auditores, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passava, à época, de 6,5 bilhões de reais, dos quais mais de 1 bilhão de reais apenas em São Paulo.

Ao analisar as contas paulistas, o Denasus descobriu que somente entre 2006 e 2009, nos governos de Alckmin e Serra, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados para programas de assistência farmacêutica – cerca de 11% do montante apurado, agora, apenas no setor de medicamentos, pelos auditores do Denasus. Além do dinheiro de remédios para pacientes pobres, a primeira auditoria descobriu outros desvios de dinheiro para aplicação no mercado financeiro: 12,2 milhões dos programas de gestão, 15,7 da vigilância epidemiológica, 7,7 milhões do combate a DST/Aids e 4,3 milhões da vigilância epidemiológica.

A análise ano a ano dos auditores demonstra ainda uma prática sistemática de utilização de remédios em desacordo com a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) estabelecida pelo Ministério da Saúde, atualizada anualmente. A lista engloba medicamentos usados nas doenças mais comuns pelos brasileiros, entre os quais antibióticos, antiinflamatórios, antiácidos e remédios para dor de cabeça. Entre 2006 e 2008, por exemplo, dos 178 medicamentos indicados por um acordo entre a Secretaria de Saúde de São Paulo e o programa de Assistência Farmacêutica Básica do Ministério da Saúde, 37 (20,7%) não atendiam à lista da Rename.

Além disso, o Denasus constatou outra falha. Em 2008, durante o governo Serra, 11,8 milhões do Fundo Nacional de Saúde repassados à Secretaria de Saúde de São Paulo para a compra de remédios foram contabilizados como “contrapartida estadual” no acordo de Assistência Farmacêutica Básica. Ou seja, o governo paulista, depois de jogar o recurso federal na vala comum da Conta Única do Estado, contabilizou o dinheiro como oriundo de receitas estaduais, e não como recurso recebido dos cofres da União.

Apenas em maio, dois meses depois de terminada a auditoria do Denasus, a Secretaria Estadual de Saúde resolveu se manifestar oficialmente sobre os itens detectados pelos auditores. Ao todo, o secretário Luís Roberto Barradas Barata, apontado como responsável direto pelas irregularidades por que era o gestor do sistema, encaminhou 19 justificativas ao Denasus, mas nenhuma delas foi acatada. “Não houve alteração no entendimento inicial da equipe, ficando, portanto, mantidas todas as constatações registradas no relatório final”, escreveram, na conclusão do trabalho, os auditores-farmacêuticos.

Barata faleceu em 17 de julho passado, dois meses depois de o Denasus invalidar as justificativas enviadas por ele. Por essa razão, a discussão entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo sobre o sumiço dos 400 milhões de reais devidos ao programa de Assistência Farmacêutica Básica vai ser retomada somente no próximo ano, de forma institucional.

(*) Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros "Jornalismo Investigativo", "Cayman: o dossiê do medo" e "Fragmentos da Grande Guerra", entre outros. Mantém um blog chamado Brasília eu Vi

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Licitação do metrô e falsa ética de Serra

Por Altamiro Borges

Na reta final das eleições, José Serra voltou a posar de paladino da ética. Ele insiste em dizer que “meu passado é limpo” e que “não tenho amigos corruptos”. Numa primeira fase da campanha, o candidato havia abandonado este figurino. Afinal, era difícil explorar eleitoralmente a questão da ética quando ele mesmo sondou o ex-governador do Distrito Federal, o presidiário Arruda, para ser seu “vice-careca”. Serra também tinha ao seu lado a governadora tucana Yeda Crusius, a da mansão bilionária, rechaçada pelos gaúchos nas urnas. A fantasia ética não lhe cabia nada bem.

Nos últimos dias, porém, o tucano voltou a criticar os corruptos na maior caradura. Só que a vida é cruel. Nem bem ele retomou o tema é surgiu a grave denúncia contra Paulo Preto, ex-diretor da Dersa e “operador” da sua campanha que sumiu com R$ 4 milhões do caixa-dois tucano. Agora, para desmoralizar de vez seu falso discurso, a própria Folha notícia que “soube seis meses antes da divulgação do resultado quem seriam os vencedores da licitação para concorrência dos lotes de três a oito da Linha-5 (Lilás) do metrô da capital paulista”. Quem será o novo Paulo Preto?

Folha evita opinar

Segundo o repórter Ricardo Feltrin, o resultado foi divulgado na quinta-feira (21), mas o jornal há havia registrado o nome dos ganhadores em vídeo e cartório em abril. “A licitação foi aberta em outubro de 2008, quando o governador de São Paulo era José Serra (PSDB) – ele deixou o cargo no início de abril para disputar a presidência da República... O Metrô, estatal do governo paulista, afirma que vai investigar. Os consórcios também negam irregularidades ou ‘acertos’”. Mas, não resta dúvida, o grave episódio fede muito. O valor dos lotes passava de R$ 4 bilhões.

A relação promíscua entre o PSDB e as empreiteiras já é conhecida. Há tempos corre o boato de que o tucanato privilegia determinadas empresas e que estas, para compensar a gentileza, ajudam financeiramente nas campanhas eleitorais e na melhoria de alguns patrimônios individuais. Entre as vencedoras desta “licitação” estão as gigantes do setor: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e OAS/Queiroz Galvão. A Folha preferiu não especular sobre o suspeito episódio, bem diferente da sua conduta quando se refere ao governo Lula. E o Metrô jurou inocência!

Mais sujos do que pau de galinheiro

A falsa licitação cai como bomba no colo de Serra. Ele já se mostrava irritado com as denúncias envolvendo Paulo Preto, seu “homem-bomba”. Agora terá que responder as perguntas de Dilma Rousseff sobre as maracutaias no Metrô. O material é inflamável e deverá ser explorado na TV nesta reta final das eleições. Não dá para aceitar a hipocrisia tucana na questão da ética. PSDB e DEM são mais sujos do que pau de galinheiro, sempre estiveram metidos em casos suspeitos de desvio de recursos públicos. Listo apenas quinze casos para refrescar as memórias mais fracas: 

1 - Conivência com a corrupção

O PSDB sempre foi conivente com a corrupção. Um dos primeiros gestos de FHC ao assumir a presidência, em 1995, foi extinguir, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, composta por representantes da sociedade e que visava combater a corrupção. Em 2001, para abortar a CPI da Corrupção, FHC criou a Controladoria-Geral da União, órgão famoso por abafar denúncias. 

2 - O escândalo do Sivam

O contrato para execução do Sivam, de vigilância área, carimbou de sujeira o início do reinado de FHC. A empresa Esca, associada à estadunidense Raytheon e responsável pelo gerenciamento do projeto, foi extinta por fraudar a Previdência. Denúncias de tráfico de influência derrubaram o então embaixador Júlio César dos Santos e o ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Mauro Gandra. 

3 - A farra do Proer 

O Proer, criado em 1996, uniu os tucanos ao sistema financeiro. Para FHC, o custo do programa foi de 1% do PIB, mas para os economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo recapitalização do Banco do Brasil, CEF e socorro aos bancos estaduais. Um enorme rombo nos cofres públicos para ajudar os banqueiros. 

4 - Caixa-dois de campanhas 

As campanhas de FHC em 1994 e em 1998 teriam se beneficiado do esquema de caixa-dois. Em 1994, pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de contas entregue ao TSE. Em 1998, teriam passado pela contabilidade paralela R$ 10,1 milhões. 

5 - Propina na privatização 

A privatização da Telebrás e da Vale do Rio Doce foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e de José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, foi acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale, e de ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. 

6 - A emenda da reeleição 

FHC garantiu a emenda da sua reeleição a um preço alto. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, PFL-AC, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Os dois renunciaram aos mandatos. Já outros três parlamentares acusados de venda do voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara.

7 - Os ralos do DNER 

O DNER foi um dos principais focos de corrupção no governo de FHC. Através dos precatórios, manobra contábil que consiste em furar a fila para o pagamento de títulos públicos, estima-se que os beneficiados pela fraude pagavam 25% do valor real para a quadrilha que comandava o órgão. 

8 - Desvalorização do real 

Para se reeleger em1998, FHC segurou a artificial paridade entre o real e o dólar. Reeleito, deu o golpe. No processo da desvalorização da moeda, que afundou a economia, ainda houve denúncia de vazamento de informações do Banco Central. 24 bancos lucraram com a mudança cambial e outros quatro que registraram movimentação especulativa às vésperas do anúncio da medida. 

9 - O caso Marka/FonteCindam 

Durante a desvalorização do real, os bancos Marka e FonteCindam foram socorridos pelo Banco Central com R$ 1,6 bilhão. O pretexto é que a quebra dos bancos criaria riscos para a economia. Chico Lopes, ex-presidente do BC, e Salvatore Cacciola, ex-dono do Marka, até foram detidos. Cacciola, ex-sogro do vice do Serra, Índio da Costa, fugiu para a Itália, mas foi novamente preso. 

10 - Eduardo Jorge, personagem suspeito 

Eduardo Jorge Caldas, o mesmo que agora se diz vitima da quebra do sigilo fiscal, é uma figura sinistra. Ex-secretário-geral de FHC, ele esteve envolvido no esquema de liberação de verba para o TRT/SP [do famoso Lalau], superfaturamento do Serpro, montagem do caixa-dois da reeleição de FHC, lobby junto às empresas de informática e de manipular recursos dos fundos de pensão nas privatizações. Se houvesse Justiça no Brasil, seu sigilo fiscal já teria sido quebrado há tempo. 

11- O esquema do FAT 

A Fundação Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, foi acusada de envolvimento em desvios de R$ 4,5 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Descobriu-se que parte do dinheiro, que deveria ser usado no treinamento de 54 mil trabalhadores do Distrito Federal, sumiu. Na gestão de FHC, as fraudes com recursos do FAT ocorreram em 17 unidades da federação. 

12 - Obras irregulares 

Levantamento do Tribunal de Contas da União, feito em 2001, indicou a existência de 121 obras federais com indícios de irregularidades graves. As falcatruas envolviam vários integrantes do governo FHC. Uma dessas obras, a hidrelétrica de Serra da Mesa, interior de Goiás, deveria ter custado 1,3 bilhão de dólares, mas consumiu o dobro dos recursos. 

13 - Verbas do BNDES 

Além de vender o patrimônio público a preço de banana, o governo FHC, por meio do BNDES, destinou cerca de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram o controle de ex-estatais privatizadas. As maiores beneficiárias pela ajudinha tucana foram as operadoras de telefonia e as empresas do setor elétrico. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou R$ 686,8 milhões na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa. 

14 - Intervenção na Previ 

Em 2002, FHC decretou intervenção na Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com patrimônio de R$ 38 bilhões. Afastou seis diretores, inclusive os três eleitos pelos funcionários do BB. O ato truculento ocorreu a pedido do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Dias antes da intervenção, FHC recebeu Dantas no Palácio Alvorada. O banqueiro teria ameaçado divulgar alguns dossiês sobre o processo das privatizações – ou privatarias.

15 - Relações perigosas de José Serra

Estes e outros casos são do conhecimento de Serra, que agora posa de paladino da ética. Muitos dos envolvidos em corrupção no governo FHC têm relações intimas com o candidato. Entre eles destacam-se três figuras: Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, acusado de tráfico de influência quando era diretor do BB e de cobrar propina nos processos de privatização; o empresário espanhol Gregório Preciado, que obteve perdão de uma dívida de R$ 73 milhões junto ao BB e foi casado com uma prima de Serra; e Vladimir Antonio Rioli, ex-vice-presidente do Banespa e ex-sócio de Serra numa empresa de consultoria, que teria facilitado operações para repatriar US$ 3 milhões depositados nas Ilhas Cayman - paraíso fiscal do Caribe.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso





Meu caro Fernando,

Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).

Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.

O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você... Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.

No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?

Conclusões: O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.

Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.

José de Abreu, ator da rede Globo, fala sobre José Serra e a UNE

O presente vídeo é uma pérola. José de Abreu destrincha a verdadeira história de Serra à frente da UNE, que, quando ocorre o golpe de 64, foge do Brasil. Assistam. É esclarecedor.

O Serra está?

1- No dia 02 de Janeiro de 2011, um senhor idoso se aproximou do Palácio da Alvorada e, depois de atravessar a Praça dos Três Poderes, falou para o "Dragão da Independência" que montava guarda: "Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Serra."




O soldado olhou para o homem e disse: "Senhor, o Sr. Serra não é presidente e não mora aqui."



O homem disse: "Está bem." E se foi.



2- No dia seguinte, o mesmo homem idoso se aproximou do Palácio da Alvorada e falou com o mesmo Dragão: "Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Serra." O soldado novamente disse: "Senhor, como lhe falei ontem, o Sr Serra não é presidente e nem mora aqui." O homem agradeceu e novamente se foi.



3- Dia 04 de janeiro ele voltou e se aproximou do Palácio Alvorada e falou com o mesmo guarda: "Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Serra."



O soldado, compreensivelmente irritado, olhou para o homem e disse: "Senhor, este é o terceiro dia seguido que o Senhor vem aqui e pede para falar com o Sr. Serra. Eu já lhe disse que ele não é presidente, nem mora aqui. O Senhor não entendeu?"



O homem olhou para o soldado e disse: "Sim, eu compreendi perfeitamente, MAS EU ADORO OUVIR ISSO!!!"



O soldado, em posição de sentido, prestou uma vigorosa continência e disse: "Até amanhã, Senhor!"



Fonte: Sátiro

domingo, 24 de outubro de 2010

Serra e os vampiros



Pesquei esta reportagem no site da Isto é:


O inquérito sigiloso da Operação Vampiro mostra como a

quadrilha agiu livremente na gestão de José Serra, sem ser 

investigada. E prova que Serra sabia

Hugo Marques
O candidato a governador de São Paulo José Serra tem assuntos pendentes em Brasília. Entre março de 1998 e fevereiro de 2002, quando ocupou o cargo de ministro da Saúde, seis subordinados dele se juntaram à máfia dos “vampiros” para comprar derivados de sangue com dinheiro público – e a preços superfaturados. Todos foram indiciados; cinco deles, por formação de quadrilha. O relatório sigiloso da Operação Vampiro, que a Polícia Federal finalizou em agosto, concluiu que existia uma “organização criminosa” controlando as compras de hemoderivados na gestão Serra. Na quinta-feira 21, o procurador da República Gustavo Pessanha dava os últimos retoques no texto da denúncia que apresenta à Justiça Federal de Brasília, nesta segunda-feira 25. Empilhados, os documentos alcançam um metro de altura. Há detalhes no inquérito que podem trazer mais dores de cabeça para José Serra. Para começar, a investigação prova que Serra sabia da existência da quadrilha.
Em suas investigações, a Polícia Federal descobriu que, em 2001, chegou uma denúncia anônima encaminhada diretamente a José Serra e protocolada no Ministério da Saúde. Segundo o relatório da PF, a denúncia “dá conta da prática de diversos crimes”. Havia dois acusados. Um deles era Platão Fischer Puhler, diretor do Departamento de Programas Estratégicos e um dos homens de confiança do ministro. O outro era o empresário Jaisler Jabour, que mais tarde se descobriu ser o chefe do braço na iniciativa privada dos vampiros. Segundo a denúncia, Platão estava cometendo “as maiores barbaridades” no milionário setor de compras, em parceria com Jabour. Ele dizia que a preferência dos envolvidos era por compras internacionais, que facilitariam depósitos em contas bancárias estrangeiras. “O que está ocorrendo nesta área é um escândalo”, dizia a denúncia. A polícia constatou que Serra recebeu o documento. E leu. O que fez Serra? Em vez de protocolar um ofício formal na PF, mandou o próprio Platão, o acusado, ir lá para denunciar a si mesmo. Curiosamente, nada aconteceu. O caso dos vampiros só estourou três anos depois, durante o governo Lula.
Em maio último, Platão foi chamado pela PF para dar explicações sobre os vampiros. Ele confirmou que aquela denúncia o acusava naquele período de crime de extorsão. Platão confirma que Serra pediu que ele fosse à PF, na companhia de Barjas Negri, o então secretário-executivo que agora é acusado pela família Vedoin de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Platão Fischer Puhler, àquela altura, atuava como “curinga” de Serra, gozando de “muito prestígio” junto ao ministro, conforme declarou o servidor Nilton Pinheiro à PF. Por 15 anos, Nilton presidiu investigações disciplinares contra servidores da Saúde, mas foi “encostado” na gestão do tucano. Quando estourou a Operação Vampiro, Nilton participou das apurações e descobriu “dezenas de processos” pendentes de investigações na Saúde. Ele contou na PF que sumiram inúmeros bens e documentos na Central de Medicamentos, Ceme, quando o interventor era Platão. Denunciou ainda uma compra em quantidade “exorbitante” de espermicida Nonoxinol, para evitar
gravidez na população de baixa renda.
Outra testemunha-chave é a secretária de Platão, Rozuíla Maura Cunha. Ela foi à PF e confirmou a compra de espermicida. Ela foi mais além e detalhou como nasceu a idéia de montar um comitê eleitoral para Serra, ainda em 2002. Platão, disse ela, afastou-se das funções no Ministério para montar um comitê eleitoral na Asa Sul, no centro de Brasília. Platão chamou Rozuíla para trabalhar por dois meses no comitê. A empresa Voetur, contou Rozuíla à polícia, participou da montagem do comitê pró-Serra, fornecendo telefones, estrutura para computador e camisetas. Desde 2002, a Voetur vem sendo envolvida em sucessivas denúncias de irregularidades em contratos com vários ministérios. Rozuíla afirmou que Platão tinha bom relacionamento com os empresários que representam a Voetur, entre
eles Raimundo Brasil. Os empresários, acrescentou, compareceram várias vezes ao comitê de Serra. Ao final do depoimento de Rozuíla, o delegado registrou que a Voetur aparece em auditorias do Ministério da Saúde como empresa envolvida em possível fraude e que tal investigação deverá ser sacramentada em inquérito próprio. O Ministério da Saúde já pagou mais de R$ 80 milhões à Voetur. Platão tinha sucessivas reuniões em sua sala com o vampiro Jabour, segundo depoimento de Rozuíla.
A secretária-adjunta de Platão no Ministério da Saúde, Abadia Francisca de Araújo, confirmou que a Voetur pagou praticamente toda a montagem do comitê de Serra. “Platão comentou com todos que a Voetur foi quem bancou todas as despesas daquele comitê”, declarou Abadia. Ela revelou ainda que Platão viajava muito para o interior e para o Exterior com passagens pagas pelos laboratórios. Quando o Ministério pagava as passagens, disse, Platão não as utilizava e ainda trocava por dinheiro. “Todos os laboratórios bancavam passagens para Platão”, declarou. Platão tinha o hábito de receber presentes dos laboratórios, como relógios. Os presentes, revelou à PF, eram entregues na residência de Platão. Nessa época, o curinga de Serra levava a família todos os anos para um tour pela Europa. A secretária Rozuíla disse à PF que certa vez Platão pediu uma passagem aérea para um homem chamado Lincoln, da empresa Glaxxon.
Motorista de Platão na Ceme e no Ministério da Saúde, Manoel Ramos Macedo confirmou na PF as viagens gratuitas do chefe. Ele diz ter levado Platão várias vezes ao hangar que ele se lembrava como sendo da Voetur. “Platão dizia que ia pegar uma carona de avião, quase sempre com destino a Uberaba”, disse o motorista. O curinga de Serra começou a namorar uma moça chamada Taís. A secretária-adjunta Abadia Francisca conta que Platão deu à moça um apartamento e um carro. O pai da moça ganhou emprego na Voetur e a mãe na Anvisa. Para cativar a moça, Abadia afirmou que Platão “chegou ao ponto de utilizar o helicóptero” do indiano Naresh. Trata-se de Naresh Kumae Vashist, representante da Hetero Drugs, da Índia, fabricante de coquetel contra Aids. Ele afirmou que Platão freqüentava sua residência, à noite. Nessas visitas, contou o indiano à PF, Platão queria convencer a Hetero a firmar parceria com a Nova Índia, fabricante de genéricos veterinários em Uberaba, sua cidade. Em seu depoimento à PF, Platão Fischer confirmou que várias pessoas deram móveis, cadeiras, balões, bolas e telefones para o comitê de Serra. Entre os empresários que contribuíram, diz ele, estavam os senhores Brasil, da Voetur, e Leoberto, da empresa Air Way. Mas o Comitê Nacional do PSDB não declarou estas despesas na prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral.