Reproduzo notícia veiculada no site do Diário da Manhã:
Os telespectadores da Televisão Brasil Central (TBC) foram tomados de súbito no final da noite de ontem com um ato inesperado do jornalista Paulo Beringhs. Ao vivo, no momento em que encerrava o telejornal que apresenta diariamente, Paulo se declarou vítima de censura política praticada pela Agência Goiana de Comunicação (Agecom), mantenedora da TBC, e pediu demissão. O que desencadeou a crise foi uma queda-de-braço travada nos bastidores da tevê desde que o jornalista avisou, há dois dias, que levaria o candidato a governo pela coligação Goiás Quer Mais, Marconi Perillo (PSDB), para uma entrevista no programa que deveria ir ao ar hoje. A Agecom queria impedi-la de ocorrer.
Paulo estava a apresentar o programa ao vivo, no meio da bancada. O senador Demóstenes Torres (DEM) estava à sua esquerda e o jornalista Cléber Ferreira, à direita. O apresentador interrompeu a entrevista e começou a dizer que a equipe da TV Brasil Central estava sob censura. "Nós estamos sob intervenção. O nosso jornalismo passa a não ter liberdade como a gente teve até agora, o que é uma coisa que eu lamento muito". O jornalista afirmou que havia a ordem para que ele não recebesse Marconi no programa de hoje, o que lamentava muito, e deu nome aos responsáveis pela mordaça. "Eu lamento demais esta postura do senhor Jorcelino Braga (ex-secretário da Fazenda) e do grupo de Iris Rezende, que tem tradição em censurar a imprensa".
Minutos depois de pedir demissão, Paulo relatou ao Diário da Manhã os episódios ocorridos na véspera que foram determinantes em sua decisão. No telejornal de terça-feira, o jornalista comunicou aos telespectadores que o entrevistado do programa de ontem seria Demóstenes, e o de hoje, Marconi. Na quarta-feira, o presidente da Agecom, Marcus Vinícius Faria Felipe, procurou o diretor comercial da empresa, Fernando Dib, e mandou o recado: Paulo teria duas opções. A primeira, já bastante absurda, era insistir na entrevista com Marconi e correr o risco de ter a exibição do programa cortada ao vivo.
A segunda opção era ainda mais escandalosa: desistir da entrevista com o candidato do PSDB, e ainda assim, ser obrigado a conviver com interventores nomeados por Marcus Vinícius em sua redação e no seu estúdio, que não funcionam nas dependências da Agecom. Fontes do governo informaram Paulo que o presidente da agência estava disposto a indicar dois jornalistas de sua estrita confiança para acompanhar a produção do telejornal, e que hoje fazem parte dos quadros da Rádio 730: Altair Tavares e Eduardo Horácio.
“Por coincidência, estes dois trabalham no órgão de comunicação mais alinhado aos interesses do governo entre todos de Goiás. Quer dizer, este foi claramente um ato de ingerência no sentido de beneficiar a candidatura de Iris Rezende (PMDB), que é apoiada por Alcides", acusa Paulo. Ontem, durante o desabafo feito no final do programa, o jornalista revelou que antes mesmo deste dia decisivo, quando deveria ocorrer a entrevista com Marconi, já havia um emissário do presidente da Agecom na sua redação - o jornalista Cléber Ferreira.
Paulo – Você sabe (por que está aqui). Mas eu quero preservar você, Cléber, em respeito à nossa amizade.
(Cléber) – Não...
(Paulo) – Você sabe, você sabe exatamente o que aconteceu. Você esteve comigo e sabe exatamente o que aconteceu. Garanta o seu emprego que eu garanto a minha dignidade. Boa noite.
Após o programa, Paulo Beringhs ressaltou que segue amigo de Cléber, e que não o culpa ou se sente magoado com ele por conta do episódio. "Não tenho nada contra o Cléber, mas sei que ele foi usado. Sou amigo dele e reconheço a sua capacidade profissional, só que neste episódio devo dizer que ele foi usado", diz Paulo.
O agora ex-apresentador da TBC pede que o texto do DM deixe claro que a decisão de entrevistar Marconi não foi tomada de forma arbitrária e desigual para Iris, como teria insinuado o presidente da Agecom na conversa com Fernando Dib. Ocorre que, por meio de correspondência, a produção do programa convidou a assessoria dos dois candidatos que disputam o segundo turno e as convidou para reunião que definiria a ordem das entrevistas. A equipe de Iris não compareceu, e Paulo teria insistido no convite por meio dos assessores de campanha Filemon Pereira e Macloys Aquino, ambos jornalistas. O apresentador conta que, ainda assim, não houve feedback por parte do staff do PMDB. Como a equipe do PSDB havia manifestado interesse em ocupar o espaço oferecido, a entrevista foi agendada para hoje, dia 21.
“Fiquei decepcionado ao perceber que Marcus Vinícius, com quem eu nunca consegui conversar, não teve a coragem de expor as suas opiniões para mim. Ficou mandando recadinho”, reclama Paulo. “Estou em Goiás há 35 anos, e tenho 46 de profissão. Todos sabem que, sempre que levo um político de um partido, levo também de outro. Quando há três correntes políticas, levo as três para o programa. Todos sabem que me pauto pelo equilíbrio e que primo pelo jornalismo verdade, e nós sabemos que a vida de jornalista é cheia de probleminhas, que a gente vai contornando. Mas, desta vez, ficou insustentável”.
Paulo tem convicção de que Braga está por trás da decisão de censurar o seu programa e impor a nomeação de interventores através do seu braço direito, o presidente da Agecom. "A todo momento, desde que comecei na Brasil Central, ele sempre pediu a minha cabeça. Achava um absurdo que eu continuasse no ar sem pedir votos para os candidatos dele. Mas não peço e nunca vou pedir voto para ninguém no ar. Tenho idade e história para exigir respeito deste senhor, que tem uma vida completamente alheia ao jornalismo e me impos toda sorte de chantagens financeiras, políticas e emocionais”.
Pelo Twitter, ontem, o presidente da Agecom negou as acusações. “Não houve ordem alguma. Marconi já havia sido entrevistado, então cadê a censura? A TBC é estatal, pública e democrática”, afirmou Marcus Vinícius.
UTI
Enquanto conversava com a reportagem por DM por telefone, Paulo abriu a sua caixa de e-mails em um dos computadores de seu estúdio. A conta, segundo o apresentador, estava lotada de mensagens de apoio e solidariedade à sua decisão. Emocionado, ele contou que a pressão financeira imposta sobre o seu programa pelo ex-secretário Braga (hoje marqueteiro do PMDB) impôs a severos danos à sua saúde.
"Sabe, tirei um peso enorme de mim. Nos últimos dias eu estava me sentindo mal. Até parei em hospital com stress, arritmia. Foram três dias na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). De modo que não havia outra decisão a tomar".
Paulo, que tem o hábito de se reunir com a família aos domingos, tentou ao máximo expor o problema de ordem política e financeira que estava vivendo, e que aos poucos deu pistas das dificuldades que estava a enfrentar. "Logo todos perceberam o que havia, e foram muito solidários comigo. Eu soube até que hoje (ontem), assim que viu o meu pedido de demissão, meu sobrinho-neto de 12 anos vibrou em casa, comemorou a minha atitude. Não há recompensa melhor do que esta".
Ojornalista continua a apresentar o programa que tem todo domingo, às 23h30, na TV Goiânia. Neste programa, ele entrevista personalidades do mundo político do Estado. “Espero que lá também não haja a censura que eu sofri na TBC”, afirma.
Minutos depois de pedir demissão, Paulo relatou ao Diário da Manhã os episódios ocorridos na véspera que foram determinantes em sua decisão. No telejornal de terça-feira, o jornalista comunicou aos telespectadores que o entrevistado do programa de ontem seria Demóstenes, e o de hoje, Marconi. Na quarta-feira, o presidente da Agecom, Marcus Vinícius Faria Felipe, procurou o diretor comercial da empresa, Fernando Dib, e mandou o recado: Paulo teria duas opções. A primeira, já bastante absurda, era insistir na entrevista com Marconi e correr o risco de ter a exibição do programa cortada ao vivo.
A segunda opção era ainda mais escandalosa: desistir da entrevista com o candidato do PSDB, e ainda assim, ser obrigado a conviver com interventores nomeados por Marcus Vinícius em sua redação e no seu estúdio, que não funcionam nas dependências da Agecom. Fontes do governo informaram Paulo que o presidente da agência estava disposto a indicar dois jornalistas de sua estrita confiança para acompanhar a produção do telejornal, e que hoje fazem parte dos quadros da Rádio 730: Altair Tavares e Eduardo Horácio.
“Por coincidência, estes dois trabalham no órgão de comunicação mais alinhado aos interesses do governo entre todos de Goiás. Quer dizer, este foi claramente um ato de ingerência no sentido de beneficiar a candidatura de Iris Rezende (PMDB), que é apoiada por Alcides", acusa Paulo. Ontem, durante o desabafo feito no final do programa, o jornalista revelou que antes mesmo deste dia decisivo, quando deveria ocorrer a entrevista com Marconi, já havia um emissário do presidente da Agecom na sua redação - o jornalista Cléber Ferreira.
Paulo – Você sabe (por que está aqui). Mas eu quero preservar você, Cléber, em respeito à nossa amizade.
(Cléber) – Não...
(Paulo) – Você sabe, você sabe exatamente o que aconteceu. Você esteve comigo e sabe exatamente o que aconteceu. Garanta o seu emprego que eu garanto a minha dignidade. Boa noite.
Após o programa, Paulo Beringhs ressaltou que segue amigo de Cléber, e que não o culpa ou se sente magoado com ele por conta do episódio. "Não tenho nada contra o Cléber, mas sei que ele foi usado. Sou amigo dele e reconheço a sua capacidade profissional, só que neste episódio devo dizer que ele foi usado", diz Paulo.
O agora ex-apresentador da TBC pede que o texto do DM deixe claro que a decisão de entrevistar Marconi não foi tomada de forma arbitrária e desigual para Iris, como teria insinuado o presidente da Agecom na conversa com Fernando Dib. Ocorre que, por meio de correspondência, a produção do programa convidou a assessoria dos dois candidatos que disputam o segundo turno e as convidou para reunião que definiria a ordem das entrevistas. A equipe de Iris não compareceu, e Paulo teria insistido no convite por meio dos assessores de campanha Filemon Pereira e Macloys Aquino, ambos jornalistas. O apresentador conta que, ainda assim, não houve feedback por parte do staff do PMDB. Como a equipe do PSDB havia manifestado interesse em ocupar o espaço oferecido, a entrevista foi agendada para hoje, dia 21.
“Fiquei decepcionado ao perceber que Marcus Vinícius, com quem eu nunca consegui conversar, não teve a coragem de expor as suas opiniões para mim. Ficou mandando recadinho”, reclama Paulo. “Estou em Goiás há 35 anos, e tenho 46 de profissão. Todos sabem que, sempre que levo um político de um partido, levo também de outro. Quando há três correntes políticas, levo as três para o programa. Todos sabem que me pauto pelo equilíbrio e que primo pelo jornalismo verdade, e nós sabemos que a vida de jornalista é cheia de probleminhas, que a gente vai contornando. Mas, desta vez, ficou insustentável”.
Paulo tem convicção de que Braga está por trás da decisão de censurar o seu programa e impor a nomeação de interventores através do seu braço direito, o presidente da Agecom. "A todo momento, desde que comecei na Brasil Central, ele sempre pediu a minha cabeça. Achava um absurdo que eu continuasse no ar sem pedir votos para os candidatos dele. Mas não peço e nunca vou pedir voto para ninguém no ar. Tenho idade e história para exigir respeito deste senhor, que tem uma vida completamente alheia ao jornalismo e me impos toda sorte de chantagens financeiras, políticas e emocionais”.
Pelo Twitter, ontem, o presidente da Agecom negou as acusações. “Não houve ordem alguma. Marconi já havia sido entrevistado, então cadê a censura? A TBC é estatal, pública e democrática”, afirmou Marcus Vinícius.
UTI
Enquanto conversava com a reportagem por DM por telefone, Paulo abriu a sua caixa de e-mails em um dos computadores de seu estúdio. A conta, segundo o apresentador, estava lotada de mensagens de apoio e solidariedade à sua decisão. Emocionado, ele contou que a pressão financeira imposta sobre o seu programa pelo ex-secretário Braga (hoje marqueteiro do PMDB) impôs a severos danos à sua saúde.
"Sabe, tirei um peso enorme de mim. Nos últimos dias eu estava me sentindo mal. Até parei em hospital com stress, arritmia. Foram três dias na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). De modo que não havia outra decisão a tomar".
Paulo, que tem o hábito de se reunir com a família aos domingos, tentou ao máximo expor o problema de ordem política e financeira que estava vivendo, e que aos poucos deu pistas das dificuldades que estava a enfrentar. "Logo todos perceberam o que havia, e foram muito solidários comigo. Eu soube até que hoje (ontem), assim que viu o meu pedido de demissão, meu sobrinho-neto de 12 anos vibrou em casa, comemorou a minha atitude. Não há recompensa melhor do que esta".
Ojornalista continua a apresentar o programa que tem todo domingo, às 23h30, na TV Goiânia. Neste programa, ele entrevista personalidades do mundo político do Estado. “Espero que lá também não haja a censura que eu sofri na TBC”, afirma.
Mordaça é “um tapa na cara da democracia”, diz Túlio Isac
O deputado Túlio Isac (PSDB) classificou como “um tapa na cara da democracia” o ato de censura sofrido pelo jornalista e amigo Paulo Beringhs. O parlamentar tem conhecimento de causa para comentar o episódio, pois em agosto deste ano teve seu programa, o “Cidade Esperança”, tirado subitamente da grade de programação da TBC.
“É uma vergonha o que aconteceu”, protesta o deputado tucano. Ele alerta os veículos de imprensa e indignado faz um apelo. “Temos que tomar alguma atitude. Os veículos de imprensa precisam ser solidários. Pode ser o início de uma ditadura”, afirmou. Túlio Isac informou que estava assistindo ao programa de Paulo Beringhs quando viu o protesto do jornalista. “Liguei para o Paulo e ele estava emocionado. Estava chocado com o que aconteceu”, contau o deputado.
O programa “Cidade Esperança” foi tirado do ar em agosto. Túlio afirma que foi vítima de retaliação por não ter votado a favor da provação do empréstimo da Celg em sessão na Assembleia Legislativa. “Fui tirado do ar. Não consegui despedir dos meus telespectadores”. O deputado faz questão de ressaltar que sua dívida com a Agecom está em dia. “O Marcus Vinicius (presidente da Agecom) nunca me ligou”, afirma.
O jornalista Paulo Beringhs afirmou no encerramento de seu telejornal que o ex-secretário da Fazenda Jorcelino Braga teria proibido a presença de Marconi no programa. Túlio Isac diz que Braga está sendo movido pelo ódio. “É o espírito de vingança contra o Marconi. Não sei qual o poder mágico que Braga tem sobre o governador Alcides”.
“É uma vergonha o que aconteceu”, protesta o deputado tucano. Ele alerta os veículos de imprensa e indignado faz um apelo. “Temos que tomar alguma atitude. Os veículos de imprensa precisam ser solidários. Pode ser o início de uma ditadura”, afirmou. Túlio Isac informou que estava assistindo ao programa de Paulo Beringhs quando viu o protesto do jornalista. “Liguei para o Paulo e ele estava emocionado. Estava chocado com o que aconteceu”, contau o deputado.
O programa “Cidade Esperança” foi tirado do ar em agosto. Túlio afirma que foi vítima de retaliação por não ter votado a favor da provação do empréstimo da Celg em sessão na Assembleia Legislativa. “Fui tirado do ar. Não consegui despedir dos meus telespectadores”. O deputado faz questão de ressaltar que sua dívida com a Agecom está em dia. “O Marcus Vinicius (presidente da Agecom) nunca me ligou”, afirma.
O jornalista Paulo Beringhs afirmou no encerramento de seu telejornal que o ex-secretário da Fazenda Jorcelino Braga teria proibido a presença de Marconi no programa. Túlio Isac diz que Braga está sendo movido pelo ódio. “É o espírito de vingança contra o Marconi. Não sei qual o poder mágico que Braga tem sobre o governador Alcides”.
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