sexta-feira, 8 de abril de 2011

O crescimento explosivo do movimento ateísta universitário

Fonte: Pavablog

Editor: Eduardo Patriota Gusmão Soares

Introdução: É interessante ver o crescimento do ateísmo entre estudantes. Talvez, isso sinalize um futuro mais secularista. Entre os membros da LiHS, temos Ábia Costa, que é Coordenadora e Fundadora da Aliança Estudantil Secularista da Universidade Federal do Pará (AES – UFPA).
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Aliança de Estudantes SecularistasO ateísmo em universidades certamente não é algo novo, mas existe algo diferente nos estudantes de hoje. Diferentemente da geração de seus pais, universitários ateus, agnósticos e humanistas hoje consideram seu secularismo um aspecto importante e fundamental de sua identidade.

Nada demonstra esse aspecto mais claramente que o rápido crescimento da Aliança de Estudantes Secularistas (SSA – Secular Student Alliance), grupo de proteção para o ateísmo e humanismo organizado em campi universitários (e agora em escolas de ensino médio também).
“Estamos testemunhando uma grande mudança em nossa cidade”, disse Galef, um porta-voz da SSA. “Mais estudantes estão orgulhosamente se declarando ateus, o que inspira outros a fazer o mesmo. Nós costumávamos sair e procurar por eles. Agora, eles estão vindo de toda parte e nos procurando, pedindo para fazer parte do movimento.”

Em anos passados, não era difícil encontrar o ceticismo religioso na maior parte dos campi universitários, mas poucos ateus, agnósticos e humanistas secularistas pensam em se organizar e se reunir baseados em sua visão não-teísta do mundo. Para a maioria dos estudantes ateus e agnósticos, a identidade secular era algo secundário, enquanto a identidade primária estava focada em outras características pessoas ou filosofias de vida, tais como ser feminista, de uma minoria racial, gay/lésbica, pacifista, ambientalista, socialista, libertário ou até politicamente liberal ou conservador.

Nos últimos anos isso tem mudado, já que a identidade não-religiosa tornou-se algo cada vez mais importante para muitos deles. “Após os ataques de 11 de setembro, comecei a pensar que talvez eu deveria falar contra o que pensava ser uma mentalidade não é apenas errada, mas perigosa também”, diz Ian, que estudava na Universidade de Wisconsin em 2001, quando a motivação religiosa dos terroristas levou-os a matar mais de três mil pessoas em Nova York.

Ian parece expressar os sentimentos de muitos jovens que cada vez mais passam a ver a religião tradicional como algo de pouco valor no mundo moderno. Para muitos desses alunos, uma postura de vida ateísta não é algo secundário ou acessório, mas trata-se de um aspecto fundamental da sua identidade.

Apoiando esse conceito de identidade política e de experimentar um crescimento explosivo da sua popularidade, está a SSA, que agora está se expandindo em escolas de ensino médio e encontra muitos estudantes secularistas entusiasmados e ansiosos em combater a evangelização feita por grupos religiosos.
Operando precariamente quando foi fundada em 2000, a SSA agora está atraindo um significativo suporte financeiro. O grupo recebeu recentemente um grande incentivo quando o empresário do Vale do Silício Jeff Hawkins, criador do PalmPilot, prometeu um apoio financeiro importante.

Uma das mais fortes comunidades organizadas de estudantes ateus pode ser encontrada na Universidade de Harvard, onde a Capelania Humanista existe há mais de 40 anos. Seu atual capelão, Greg Epstein, lidera um ambiente vibrante de ativismo humanista no campus. Juntamente com a liderança estudantil da Sociedade Secular de Harvard, a capelania fez da identificação humanista algo proeminente na universidade mais antiga dos EUA. Autor do best-seller Good Without God [Bom sem Deus], Epstein lembra aos estudantes que o melhor ativismo humanista enfatiza tanto o “bom” (como em fazer boas ações e serviços comunitários) quanto o “sem Deus”.

Embora Harvard seja um grande modelo, alguns dos grupos de estudantes secularistas mais ativos podem ser encontrados em lugares onde a religiosidade é mais forte. Nesses casos, os estudantes ateus sentem-se frequentemente confrontados e muitas vezes estão desejosos de encontrar camaradagem secular. Estudante da SSA da Universidade de Clemson, na Carolina do Sul, Marie foi criada em um lar presbiteriano conservador. Ela explica a atração por comunidades secularistas do campus: “Quase todo mundo que conheci através do esporte, em grupos de estudo ou em qualquer lugar do campus quase sempre é uma pessoa religiosa e ativamente associada a um grupo. Desejava um lugar onde pudesse questionar essas crenças em um grupo aberto, com outras pessoas que desejam pensar mais profundamente sobre isso e tivessem ideias diferentes daquelas que cresci ouvindo”.

O grupo de Clemson, assim como a maioria de grupos de estudantes, tem encontros informais e eventos sociais, convidam palestrantes, assistem documentários, participam de painéis com grupos religiosos e geralmente oferecem um espaço no qual os estudantes não-teístas podem desenvolver relacionamentos.
Com o ceticismo religioso em ascensão entre os jovens e a mídia social on-line dando visibilidade e tornando sua organização mais fácil que no passado, é improvável que o fenômeno desapareça. Os alunos veem isso como uma resposta eficaz e necessária à direita religiosa, um meio sensato de combater o ativismo motivado pela religiosidade. Do ponto de vista prático, trata-se de uma ótima maneira de encontrar amigos com a mesma opinião, pessoas que talvez tenham também lido e gostado dos livros de autores do “neo ateísmo” como Sam Harris, Richard Dawkins, Christopher Hitchens e Daniel Dennett.

O ateísmo que hoje se espalha pelas universidades de vários países é organizado, bem financiado, com identidade clara e defendido por jovens que não vão abandonar as guerras culturais, pois veem sua postura de vida não-teísta como algo que pode contribuir para um mundo melhor.

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